Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/08/2005
Pouquíssimas pesquisas feitas sobre energias renováveis levam em conta as implicações ecológicas das soluções apresentadas. A conclusão é de uma pesquisa publicada no Jornal de Ecologia Aplicada, da Sociedade Ecológica Britânica.
O trabalho, de autoria do pesquisador Andrew Gill, da Universidade de Cranfield, Inglaterra, revela que, apesar da explosão no interesse acadêmico sobre o assunto - quase 400 artigos sobre energia renovável foram publicados em jornais científicos em 2003, contra menos de 35 em qualquer ano até 1991 - somente uma fração dos artigos aborda o impacto ambiental, seja ele positivo ou negativo.
"Menos de um por cento dos artigos considera os riscos ambientais potenciais da exploração de energias renováveis e nenhum especificamente relacionado à ecologia costeira. Fatores ecológicos não estão sendo consideradas adequadamente e são sub-representados em qualquer discussão dos custos e benefícios da adoção de fontes de energias renováveis além da costa," afirma o Dr. Gill.
Os países do norte da Europa são líderes mundiais na geração de energia elétrica a partir do mar, com várias plantas em testes e algumas já operacionais. Até o momento, os maiores impactos verificados têm sido registrados nas comunidades pesqueiras e na oposição de moradores, incomodados com a poluição visual.
Mas há outros impactos potenciais, como o ruído e os campos eletromagnéticos, principalmente em relação às espécies nativas dos ecossistemas atingidos. "Sob a água, onde um grande número de espécies interage acusticamente, o potencial de distúrbio causado por essas novas usinas é muito alto. O som é utilizado para comunicação, para a localização de presas e de parceiros e para se evitar predadores. Os cabos de altas voltagens alternadas e contínuas, que transmitem a energia entre os equipamentos e o continente, também têm o potencial para interagir com animais aquáticos que sejam sensíveis a campos eletromagnéticos. Isso inclui principalmente os peixes, particularmente os tubarões e as arraias, e mamíferos marinhos que utilizam o campo magnético da Terra para navegar."
No lado oposto, as usinas podem oferecer vantagens para espécies do fundo do mar, melhorando as condições de sobrevivência e crescimento, criando novas fontes de alimentos e refúgio para os filhotes e reciclando a energia local.
A mensagem mais importante da pesquisa é que a falta de conhecimento dos impactos ambientais impede a avaliação dos efeitos da instalação dessas usinas geradoras de energia na costa ou em alto-mar, sejam esses efeitos benéficos ou maléficos.