Redação do Site Inovação Tecnológica - 17/06/2005
Os laboratórios da NASA são virtualmente um sinônimo de tecnologia avançada, repletos de criações que revolucionarão não apenas a exploração espacial, mas a vida cotidiana, na medida em que as maravilhas da engenharia espacial rapidamente deixam de ser exclusividade dos astronautas e atingem o dia-a-dia dos cidadãos comuns.
Mas nem sempre as maravilhas que de lá saem são assim tão mirabolantes. O grupo de pesquisadores chefiados pela Dra. Mary Ann Ingram, por exemplo, reuniu alguns tubos de PVC, papel-alumínio - do tipo utilizado na cozinha - e alguns fios de cobre; o resultado do trabalho é um novo tipo de antena de comunicações que poderá revolucionar a forma como a NASA recebe os sinais de seus inúmeros satélites artificiais.
A simplicidade da nova solução, criada no Instituto de Tecnologia da Georgia, deverá diminuir drasticamente os custos de construção e manutenção das estações terrestres de recepção de dados, normalmente formadas por gigantescas antenas parabólicas. Com essa queda nos custos, haverá a possibilidade de se construir muito mais estações, ampliando a rapidez com que os dados dos satélites ficam disponíveis para os cientistas e para a comunidade em geral.
"O sonho é criar uma cobertura global total com essas antenas, ligando-as em rede, disponibilizando os serviços de informação da NASA para qualquer pessoa com um computador à disposição," afirma a professora Ingram.
Um exemplo prático são as estações de comunicação com o satélite de observação da Terra, o EO-1 ("Earth Observing-1"). Os dados de acompanhamento do clima e da superfície terrestre, coletados pelo satélite, chegam a antenas de 11 metros de diâmetro, instaladas no Círculo Polar Ártico, um local que coloca dificuldades extremas de manutenção e diminui a confiabilidade do equipamento. Satélites como o EO-1 tipicamente entram em contato com suas estações terrestres de cinco a oito vezes por dia, com janelas de transmissão de apenas 10 minutos de cada vez.
Já as novas antenas, por enquanto feitas com material comprado diretamente em lojas, não terão partes móveis e terão seus complicados mecanismos de rastreamento dos satélites substituídos por softwares de última geração, que utilizarão os dados captados por uma inifinidade de pequenas antenas. Se uma delas falhar, o sistema utilizará os dados das demais, sem qualquer prejuízo para a operação toda.
O cientista Dan Mandl, da NASA, compara o novo projeto com o sistema de telefonia celular: "Quando as pessoas utilizam seus telefones celulares, não há partes móveis nas antenas. O que nós queremos é construir uma rede celular contínua ao redor do mundo, que irá nos possibilitar oportunidades ilimitadas de baixar os dados dos satélites."
Ao invés de uma grande antena, os cientistas querem utilizar várias pequenas antenas mais simples. Os sinais captados por essas pequenas antenas serão analisados utilizando-se uma técnica de inteligência artificial que aprende a melhorar seu próprio desempenho, combinando versões refletidas do sinal original transmitido pelo satélite, eliminando ruídos e interferências.
O resultado é tão bom que, com apenas duas antenas construídas com a nova tecnologia, cada uma com 75 centímetros de diâmetro, é possível substituir uma antena parabólica comum de 11 metros de diâmetro.
Outra grande vantagem é que, como as pequenas antenas não dependem de um posicionamento rigorosamente alinhado com o satélite, como as antenas atuais, elas podem ser utilizadas para se comunicar com mais de um satélite ao mesmo tempo. "O que nós realmente queremos é um conjunto compartilhado de antenas, no qual um software é utilizado para separar os sinais," diz Mandl.