Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/02/2025
Estamos sendo observados?
A questão sobre quais ETs vão nos ver primeiro tem incomodado muitos cientistas, alguns dos quais chegaram a propor um sistema de laser para esconder a Terra da visão dos alienígenas.
Algumas pesquisas já deram indícios de onde podem morar os alienígenas que encontrarão a Terra primeiro, mas Sofia Sheikh e colegas do Instituto SETI queriam uma resposta mais específica, e então refizeram a questão de um modo mais simples e direto.
Se existir uma civilização extraterrestre com uma tecnologia similar à nossa, ela seria capaz de detectar a Terra e os indícios de que a humanidade vive por aqui? Se sim, quais sinais esses ETs detectariam, e de quão longe?
"Nosso objetivo com este projeto era trazer o SETI de volta à Terra por um momento e pensar sobre onde realmente estamos hoje com as tecnoassinaturas e as capacidades de detecção da Terra," disse a professora Macy Huston, da Universidade da Califórnia em Berkeley. "No SETI, nunca devemos presumir que outras formas de vida e tecnologia seriam como as nossas, mas quantificar o que 'nosso' significa pode ajudar a colocar as pesquisas do SETI em perspectiva."
Alcance da visão dos ETs
Para tentar encontrar respostas, a equipe usou um método teórico baseado em modelagem, o primeiro a analisar vários tipos de tecnoassinaturas juntas, em vez de cada tipo separadamente.
Os resultados mostraram que os sinais de rádio, como as emissões do radar planetário do antigo Observatório de Arecibo, são as tecnoassinaturas mais detectáveis da Terra, potencialmente visíveis a até 12.000 anos-luz de distância.
Na última década, ficamos melhores em detectar tecnoassinaturas atmosféricas, graças aos avanços em instrumentos como o telescópio espacial James Webb, e melhoraremos ainda mais com o futuro Observatório de Mundos Habitáveis. Com este novo telescópio espacial, que deverá entrar em operação no início dos anos 2040, poderemos detectar emissões de gases de origem tecnoindustrial a até 5,7 anos-luz de distância, um pouco além da nossa vizinha estelar mais próxima, Próxima Centauro. O mesmo deve estar valendo para uma civilização alienígena com o mesmo nível de avanço tecnológico.
Por fim, à medida que nos aproximamos cada vez mais da Terra, torna-se possível detectar mais e mais assinaturas geradas pelo homem simultaneamente, incluindo luzes das cidades, lasers, ilhas de calor e satélites artificiais, oferecendo uma visão abrangente da nossa presença tecnológica.
Mas, para o restante do vasto espaço da galáxia, ainda estamos essencialmente invisíveis para eventuais civilizações do mesmo nível tecnológico que o nosso. E, por decorrência, também estamos invisíveis para eles.
O que são tecnoassinaturas?
Os cientistas envolvidos com o SETI procuram civilizações alienígenas avançadas tentando detectar sinais de tecnologia - sinais ou padrões que não podem ser explicados por fenômenos naturais, podendo portanto indicar vida inteligente.
Esses sinais são chamados de tecnoassinaturas e vêm em várias formas.
Radiotelescópios são a ferramenta mais comumente usada para buscas do SETI, mas os pesquisadores também usam telescópios ópticos para escanear pulsos de laser que possam indicar padrões de comunicação ou propulsão, por exemplo, para ver se os ETs estão conversando entre si.
Outra abordagem envolve estudar as atmosferas de exoplanetas em zonas habitáveis ao redor das estrelas para procurar assinaturas químicas que podem sugerir vida ou atividade industrial. Mas há também quem leve em conta tecnologias muito além daquelas atualmente inventadas na Terra, como as esferas de Dyson, mas essas tecnologias de futuro distante não foram consideradas neste estudo.
"Um dos aspectos mais satisfatórios deste trabalho foi poder usar o SETI como um espelho cósmico: Como a Terra se parece para o resto da galáxia? E como nossos impactos atuais em nosso planeta seriam percebidos," descreveu Sheikh. "Embora, é claro, não possamos saber a resposta, este trabalho nos permitiu extrapolar e imaginar o que poderíamos assumir se um dia descobríssemos um planeta, com, digamos, altas concentrações de poluentes em sua atmosfera."
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