Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/04/2004
Trabalhando na fronteira entre biologia e nanotecnologia, dois pesquisadores do Rensselaer Polytechnic Institute (Estados Unidos) fizeram uma descoberta que poderá levar a semicondutores menores, mais rápidos e, o que é inovador, produzidos com o auxílio de bactérias anaeróbicas.
Pulickel Ajayan e Ronald Oremland relataram que três diferentes tipos de bactérias geram nanoesferas uniformes do elemento selênio. As bolas nanoscópicas apresentam propriedades bastante diferenciados do selênio natural, um metal-traço existente no solo.
O selênio é utilizado em tecnologias fotovoltaicas e fotocondutivas. Ele está presente em várias aplicações eletrônicas, desde semicondutores e fotocélulas até fotocopiadoras.
Orelamd estuda as bactérias anaeróbicas há vários anos. Estas bactérias não respiram oxigênio, mas sais solúveis, ou "oxianions", de elementos tóxicos, como o selênio e o arsênio. Ele descobriu recentemente que alguns desses microorganismos formam esferas nanoscópicas de selênio, medindo cerca de 300 nanômetros cada uma, do lado de fora de suas membranas celulares.
Ele então procurou auxílio do professor Ajayan para descobrir os tipos de propriedades que o selênio apresenta em nanoescala. A descoberta é que o elemento apresenta propriedades óticas e semicondutoras avançadas. Eles também descobriram que as nanoesferas produzidas em cada uma das três bactérias estudadas são diferentes entre si e fundamentalmente diferentes das partículas de selênio amorfo formadas por processos químicos.
"Surpreendentemente, nós descobrimos que diferentes bactérias produzem esferas com arranjos diferenciados dos átomos de selênio e, portanto, diferentes propriedades óticas," explica Ajayan. "Estas condições não podem ser obtidas pelos métodos correntes de síntese química."