Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/09/2024
Uma Terra para todos
Nosso planeta só continuará a ser capaz de fornecer o padrão de vida mais básico para todos no futuro se os sistemas econômicos e as tecnologias forem drasticamente transformados e os recursos críticos forem usados, gerenciados e compartilhados de forma mais justa.
Esta é a conclusão de um relatório compilado por mais de sessenta cientistas de todo o mundo, ligados à entidade internacional Comissão da Terra.
A nova pesquisa se baseia nos "Limites do Sistema Terrestre Seguro e Justo", publicados pela revista Nature no ano passado, que mostraram que a maioria dos limites vitais dentro dos quais as pessoas e o planeta podem prosperar foram ultrapassados.
Este novo relatório identifica o "Espaço Seguro e Justo", dentro do qual os danos aos humanos e à natureza podem ser minimizados, garantindo que todos possam ser providos, e define os caminhos para alcançar e permanecer em tal espaço.
Contudo, as projeções futuras para 2050 mostram que esse espaço encolherá ao longo do tempo, impulsionado pela desigualdade, a menos que ocorram transformações urgentes.
Reduzir as desigualdades
A única maneira de prover as necessidades de todos e garantir que sociedades, empresas e economias prosperem sem desestabilizar o planeta é reduzir as desigualdades em como os recursos críticos do sistema da Terra, como água doce e nutrientes, são acessados e usados - juntamente com a transformação econômica e tecnológica.
O estudo descobriu que as desigualdades e o consumo excessivo de recursos finitos por uma minoria são os principais impulsionadores da redução do "Espaço Seguro e Justo". Fornecer recursos mínimos para aqueles que atualmente não têm o suficiente adicionaria muito menos pressão ao sistema da Terra do que a atualmente causada pela minoria que usa recursos muito maiores.
"Estamos começando a perceber o dano que a desigualdade está causando à Terra. O aumento da poluição e a má gestão dos recursos naturais estão causando danos significativos às pessoas e à natureza. Quanto mais continuarmos a aumentar a lacuna entre aqueles que têm muito e aqueles que não têm o suficiente, mais extremas serão as consequências para todos, à medida que os sistemas de apoio que sustentam nosso modo de vida, nossos mercados e nossas economias começam a entrar em colapso," destacou a professora Joyeeta Gupta, da Universidade de Amsterdã, nos Países Baixos.
Uma vida livre da pobreza
Se os Limites do Sistema Terrestre representam o "teto", acima do qual os sistemas da Terra não podem mais permanecer estáveis e resilientes, e danos significativos podem ser causados às pessoas e à natureza, o Espaço Seguro e Justo representa uma "fundação", mostrando o mínimo que a população global precisa extrair do sistema da Terra para viver uma vida livre de pobreza.
O espaço entre esse teto e essa fundação está cheio de oportunidades que podemos usar para garantir um futuro melhor para as pessoas e o planeta.
Para atingir esse espaço, a equipe pede mudanças em três áreas.
Primeiro, um impulso por mudanças na forma como administramos a economia, encontrando novas políticas e mecanismos de financiamento que possam abordar a desigualdade, ao mesmo tempo em que reduzimos a pressão sobre a natureza e o clima. Segundo, gestão, compartilhamento e uso de recursos mais eficientes e eficazes em todos os níveis da sociedade - incluindo o tratamento do consumo excessivo de algumas comunidades, que está limitando o acesso a recursos básicos para aqueles que mais precisam deles. Terceiro, investimento em tecnologias sustentáveis e acessíveis, que serão essenciais para nos ajudar a usar menos recursos e reabrir o Espaço Seguro e Justo para todos - especialmente onde há pouco ou nenhum espaço restante.
"Continua sendo possível para todos os humanos escapar da pobreza e estar a salvo dos danos causados pelas mudanças no sistema terrestre, mas a capacidade do planeta de prover e proteger está sendo levada além dos seus limites," concluiu Gupta.