Redação do Site Inovação Tecnológica - 21/06/2021
Ciclos da Terra
A atividade geológica na Terra parece seguir um ciclo de 27,5 milhões de anos, dando ao planeta "pulsos" que lembram um batimento cardíaco.
"Muitos geólogos acreditam que os eventos geológicos são aleatórios ao longo do tempo. Mas nosso estudo fornece evidências estatísticas para um ciclo comum, sugerindo que esses eventos geológicos são correlacionados e não aleatórios," disse Michael Rampino, da Universidade de Nova York.
Nas últimas cinco décadas, os pesquisadores propuseram ciclos de grandes eventos geológicos - incluindo atividade vulcânica e extinções em massa na terra e no mar - variando de 26 a 36 milhões de anos.
Mas os primeiros trabalhos sobre essas correlações no registro geológico foram prejudicados por limitações na datação dos eventos, o que impedia a realização de investigações quantitativas mais precisas. Melhorias recentes nas técnicas de datação radioisotópica e nas mudanças na escala de tempo geológica, contudo, geraram dados suficientes para a elaboração de linhas do tempo mais confiáveis e mais completas.
Rampino e seus colegas compilaram especificamente registros atualizados dos principais eventos geológicos dos últimos 260 milhões, o que incluiu as idades de 89 eventos geológicos importantes e bem datados.
Esses eventos incluem extinções marinhas e terrestres, grandes derramamentos vulcânicos de lava - chamados erupções de inundação de basalto ou dilúvios basálticos -, eventos em que diminui a concentração de oxigênio nos oceanos, flutuações do nível do mar e mudanças ou reorganização nas placas tectônicas da Terra.
Geologia não aleatória
A análise mostrou que esses eventos geológicos globais são geralmente agrupados em 10 pontos de tempo diferentes ao longo dos 260 milhões de anos, criando picos ou pulsos separados por aproximadamente 27,5 milhões de anos.
O mais recente agrupamento de eventos geológicos ocorreu há aproximadamente 7 milhões de anos, sugerindo que o próximo pulso de grande atividade geológica está a mais de 20 milhões de anos no futuro.
Ainda não há elementos para explicar o que controla esse ciclo da Terra, mas a equipe levanta a hipótese de que esses pulsos podem ser uma função de ciclos de atividade no interior da Terra - processos geofísicos relacionados à dinâmica das placas tectônicas e do clima. No entanto, ciclos semelhantes na órbita da Terra também podem estar acompanhando esses eventos.
"Quaisquer que sejam as origens desses episódios cíclicos, nossas descobertas sustentam a ideia de um registro geológico amplamente periódico, coordenado e intermitentemente catastrófico, o que é um afastamento das opiniões defendidas por muitos geólogos," defendeu Rampino.