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Núcleo da Terra pode não ser sólido e estar mudando de formato

Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/02/2025

Núcleo da Terra pode não ser sólido e estar mudando de formato
As camadas internas da Terra, incluindo o manto, núcleo externo e núcleo interno. O núcleo interno parece sofrer uma transformação estrutural, contestando a ideia de que ele é sólido.
[Imagem: USC Graphic/Edward Sotelo]

Núcleo da Terra muda de formato

Se você procurar em qualquer livro didático, verá que há um consenso entre os cientistas em considerar o núcleo interno da Terra como uma esfera sólida. Na verdade, esse núcleo de ferro é crucial para os modelos que estudam o magnetismo do nosso planeta.

Segundo as teorias mais aceitas hoje, o núcleo interno fica localizado mais de 5.000 quilômetros abaixo da superfície da Terra, ancorado pela gravidade dentro do núcleo externo, que é uma pasta de material derretido.

Mas parece que não é bem assim: John Vidale e colegas da Universidade Sul da Califórnia acabam de documentar o que parece ser uma mudança recente no formato do núcleo da Terra, algo que não poderia acontecer se ele fosse uma esfera sólida.

"O que acabamos descobrindo é uma evidência de que a superfície próxima do núcleo interno da Terra sofre uma mudança estrutural," disse Vidale.

A descoberta lança luz sobre o papel que a atividade topográfica desempenha nas mudanças rotacionais no núcleo interno, que alteram ligeiramente a duração dos dias e podem estar relacionadas à desaceleração contínua do núcleo interno.

Na verdade, o objetivo original da pesquisa era mapear com maior precisão a desaceleração do núcleo interno. "Mas, enquanto eu analisava várias décadas de sismogramas, um conjunto de dados de ondas sísmicas curiosamente se destacou do resto. Mais tarde, percebi que estava olhando para evidências de que o núcleo interno não é sólido," disse Vidale.

Núcleo da Terra pode não ser sólido e estar mudando de formato
Dados usados pela equipe para demonstrar que o núcleo interno da Terra pode ser pastoso.
[Imagem: John E. Vidale et al. - 10.1038/s41561-025-01642-2]

Núcleo pastoso

A equipe estava estudando dados da forma de ondas sísmicas - incluindo 121 terremotos repetidos de 42 locais perto das Ilhas Sanduíche do Sul, perto da Antártida, que ocorreram entre 1991 e 2024 - para ter uma ideia do que acontece no núcleo interno.

Conforme os pesquisadores analisaram as formas de onda de estações localizadas perto de Fairbanks, no Alasca, e Yellowknife, no Canadá, um conjunto de dados de ondas sísmicas da última estação apresentou propriedades atípicas que a equipe nunca tinha visto antes.

Os pesquisadores então otimizaram a análise de modo a aumentar a resolução dos dados, o que deixou claro que as formas de onda sísmicas representavam uma atividade física adicional do núcleo interno.

Há algumas possibilidades para explicar isso, mas a explicação que melhor se encaixou nos dados foram mudanças temporais na forma do núcleo interno. Se essa interpretação estiver correta, a superfície próxima do núcleo interno pode sofrer uma deformação viscosa, mudando sua forma e se deslocando em suas porções mais rasas.

A causa mais clara da mudança estrutural é a interação entre o núcleo interno e externo. "O núcleo externo derretido é amplamente conhecido por ser turbulento, mas nunca se observou essa turbulência perturbando seu vizinho, o núcleo interno, em uma escala de tempo humana," disse Vidale. "O que estamos observando neste estudo pela primeira vez é provavelmente o núcleo externo perturbando o núcleo interno."

Segundo o pesquisador, esta descoberta abre uma porta para revelar dinâmicas anteriormente ocultas nas profundezas do núcleo da Terra e pode levar a uma melhor compreensão dos campos térmico e magnético da Terra.

Bibliografia:

Artigo: Annual-scale variability in both the rotation rate and near surface of Earths inner core
Autores: John E. Vidale, Wei Wang, Ruoyan Wang, Guanning Pang, Keith Koper
Revista: Nature Geoscience
DOI: 10.1038/s41561-025-01642-2
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