Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/01/2022
Ponto de Lagrange L2
O telescópio espacial James Webb chegou ao seu destino final, o ponto de Lagrange Sol-Terra 2 (L2), a 1,488 milhão de quilômetros da Terra.
Os pontos de Lagrange são lugares em que as forças de atração gravitacional exercidas por duas massas - neste caso, o Sol e a Terra - cancelam a aceleração centrípeta. Isto cria uma zona mais estável, ideal, portanto, para a colocação de satélites e estações espaciais porque será necessário usar menos combustível para manter uma nave espacial no ponto desejado.
Assim, não é correto dizer que o telescópio ficará "estacionado" ou "parado", como se tem noticiado; ele se manterá circunavegando o ponto L2 em uma órbita estendida, equivalente à órbita da Lua em torno da Terra - ele completará cerca de duas órbitas por ano.
De fato, a chegada tão comemorada agora se deu quando o centro de controle enviou um comando para que o Webb acionasse seu motor de forma a acrescentar 1,6 metro por segundo à sua velocidade. Esse motor será acionado rotineiramente durante a vida útil do telescópio, sempre que os instrumentos indicarem uma alteração de sua posição.
Além disso, considerando um sistema de dois corpos, como o Sol e a Terra, existem cinco pontos de Lagrange, sendo que o L1, L2 e L3 são considerados instáveis, sempre exigindo pequenas correções. Eles são encontrados traçando-se uma linha conectando os centros de gravidade do Sol e da Terra, sendo que o L2, onde o Webb está, fica "atrás" da Terra em relação ao Sol, portanto, mais protegido. Já os pontos L4 e L5 são considerados estáveis, mas não contam com essa proteção do planeta contra a radiação solar.
Estima-se que o telescópio James Webb tenha combustível em seus tanques para mantê-lo no L2 durante 20 anos - o combustível precisará ser usado também para neutralizar os efeitos da pressão da radiação solar sobre seu enorme escudo de proteção.
Alívio
A grande comemoração que a NASA promoveu agora não se deve unicamente à chegada do Webb ao L2: Talvez ainda mais importante é o fato de que ele chegou lá depois de ter completado todas as centenas de etapas de seu desdobramento, desde que ele saiu do foguete que o lançou.
Foram 50 etapas de desdobramento ou abertura de peças, o que exigiu o funcionamento preciso de 178 mecanismos de acionamento. Só a estrutura do protetor solar do telescópio tinha 140 mecanismos de liberação, 70 dobradiças, 400 polias, 90 cabos e oito motores de acionamento. E tudo funcionou corretamente.
Agora começarão duas etapas igualmente cruciais: O resfriamento do telescópio, que deverá operar a cerca de -228 ºC, e o delicado processo de alinhamento dos 18 espelhos, que precisam ser ajustados uns em relação aos outros com uma precisão de algumas dezenas de nanômetros, o que é mais ou menos o diâmetro de um vírus - cada "passo" de ajuste move cada um dos espelhos em 10 nanômetros.
Esse processo de ajuste levará meses, marcando o que a NASA chama de "deixar o Webb abrir os olhos".
Embora esteja sendo considerado o sucessor do telescópio espacial Hubble, lançado em 1990, o James Webb é bastante diferente, observando o Universo em infravermelho (calor), e não em luz visível, como o Hubble.