Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/07/2019
Sons das auroras
Durante séculos, pessoas declaravam ouvir chiados e estalidos produzidos pelas auroras boreais, alegações rapidamente descartadas como "imaginação" pelos desmistificadores de plantão.
Apenas em 2016 o professor Unto Laine, da Universidade de Aalto, na Finlândia, demonstrou categoricamente que sim, as auroras emitem sons. Surpreendentemente, enquanto a luz das auroras é produzida a 70 ou 80 km de altitude, os estalidos são gerados a meros 70 ou 80 metros do chão.
Agora o professor Laine acredita ter desvendado o mecanismo que gera o som das auroras.
Sua hipótese inicial era que os sons são gerados quando uma tempestade magnética induz cargas elétricas na camada de inversão de temperatura da atmosfera inferior.
Agora ele demonstrou que, quando a aurora boreal ocorre, o espectro temporal dos ruídos de crepitação observados - ou, em outras palavras, as rápidas mudanças na amplitude do som - contém frequências das ressonâncias de Schumann.
Ressonâncias de Schumann
As ressonâncias de Schumann referem-se às ressonâncias eletromagnéticas de baixa frequência que ocorrem ao redor da Terra, situando-se as mais fortes delas abaixo dos 50 Hz.
Laine observou que essas ressonâncias geram estruturas rítmicas semelhantes em todos os sons de estalidos medidos em diversos locais.
"Pesquisas internacionais anteriores mostraram que uma tempestade geomagnética ocorrida durante a aurora boreal reforça as ressonâncias de Schumann. Pela primeira vez, descobriu-se que tais ressonâncias ativam o mecanismo de geração de som na camada de inversão de temperatura em altitudes entre 70 a 80 metros, onde as cargas elétricas acumuladas dão origem a descargas de coroa e sons de estalos.
"Além das nove menores ressonâncias de Schumann, os espectros também incluem suas frequências de diferença e de soma, ou seja, componentes de distorção. Essa não-linearidade também dá suporte à hipótese da geração de sons aurorais," disse Laine.