Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/08/2011
Colheita de energia
O processo de colheita de energia ganha cada vez mais atenção dos pesquisadores.
Em primeiro lugar, graças ao desenvolvimento de novos materiais capazes de produzir pequenas quantidades de eletricidade a partir de movimentos e vibrações no ambiente, sobretudo os chamados nanogeradores.
Em segundo lugar, porque os aparelhos móveis exigem uma quantidade relativamente modesta de energia em comparação com os equipamentos fixos, o que deixa sua alimentação, ainda que parcialmente, ao alcance de fontes de energia de baixa potência.
Polímeros eletroativos
Roy Kornbluh e seus colegas do Laboratório SRI, nos Estados Unidos, demonstraram agora as possibilidades de um novo material ainda pouco explorado para a coleta de energia do meio ambiente: os polímeros eletroativos, uma categoria dos chamados músculos artificiais.
Os polímeros eletroativos produzem uma corrente elétrica quando são esticados e relaxados. Há vários tipos deles, mas o mais conhecido é o elastômero dielétrico, formado por finas tiras de isolantes elásticos recobertos com eletrodos elásticos.
Eles geram energia separando mecanicamente as cargas elétricas quando o elastômero é esticado e então relaxado - quando a espessura do material aumenta. Isto os torna, em tese, uma espécie de capacitor esticável.
Sapato gerador e energia das ondas
O objetivo foi testar o conceito em aplicações com exigências bastante distintas, de forma a verificar a robustez e a possibilidade de aplicações práticas mais imediatas.
Por exemplo, a geração de energia a partir das ondas do mar exige equipamentos que sejam ao mesmo tempo eficientes e de baixo de custo. E aplicações em pequena escala, como recarregar baterias e alimentar aparelhos pessoais portáteis, exigem dispositivos leves e que possam ser facilmente incorporados no vestuário ou em acessórios pessoais.
Foram estas as duas aplicações principais desta etapa do estudo, que concluiu que os polímeros eletroativos são atualmente a opção mais viável para a conversão de energia cinética em eletricidade.
O material superou em eficiência, densidade de energia e facilidade de aplicação outros meios de colheita de energia, como geradores eletromagnéticos e cerâmicas piezoelétricas.
Eficiência energética
O sapato gerador, utilizando uma pilha de 20 camadas de filmes de elastômeros dielétricos, gera 0,8 joules (J) por passo, o equivalente a 1 Watt - sua eficiência máxima foi de 0,3 J por passo.
Uma pessoa pesando 80 quilogramas e com uma deflexão máxima do calcanhar de 3 milímetros libera uma energia total líquida de 2,4 J por passo - como o sapato gerador produz 0,8 J por passo, isso representa uma eficiência energética total de 33%, algo impressionante para um dispositivo tão simples.
Os testes mostraram que a energia do sapato é suficiente para recarregar baterias de aparelhos eletrônicos portáteis, assim como para alimentar óculos de visão noturna.
A eficiência foi ainda maior no gerador de energia a partir das ondas, superando os 78%. O gerador experimental produziu 25 J em testes de laboratório, usando 220 gramas de polímero eletroativo - uma densidade de 0,1 J/g.
Segundo os pesquisadores, isto mostra que os polímeros eletroativos já são técnica e economicamente viáveis para uso em equipamentos de geração de energia dos mais variados tipos.