Com informações da Universidade de Yale - 20/06/2017
Estupidez artificial
A inteligência artificial não precisa ser super sofisticada para fazer a diferença na vida das pessoas, de acordo com um experimento realizado na Universidade de Yale, nos EUA.
Mesmo uma "IA estúpida" pode ajudar grupos humanos, afirmam Hirokazu Shirado e Nicholas Christakis.
Em uma série de experimentos usando equipes de jogadores humanos e jogadores robóticos de IA - agentes de software, ou "bots" -, a inclusão dos bots melhorou o desempenho dos grupos humanos e dos jogadores humanos individuais.
"Muito da conversa atual sobre inteligência artificial tem a ver com se a IA é um substituto para os seres humanos. Acreditamos que a conversa deve ser sobre a IA como um complemento para os seres humanos," disse Christakis.
O estudo vem se somar a um crescente número de pesquisas sobre a complexa dinâmica das redes sociais humanas e como essas redes influenciam tudo, da desigualdade econômica até a violência grupal.
Robôs misturados com humanos
Shirado e Christakis realizaram um experimento envolvendo um jogo online que exigia que grupos de pessoas coordenassem suas ações para atingir um objetivo coletivo.
Os jogadores humanos interagiam entre si e, ao mesmo tempo, com bots anônimos que foram programados com três níveis de aleatoriedade comportamental, o que incluía fazer com que os agentes de software algumas vezes cometessem erros de forma calculada.
Além disso, algumas vezes os bots eram colocados em diferentes partes da rede social, para influenciar diferentes grupos. Mais de 4.000 voluntários participaram da experiência, que usou um software chamado breadboard.
"Nós misturamos pessoas e máquinas em um único sistema, interagindo em condições equitativas. Queríamos perguntar: 'Você pode programar os bots de maneira simples?' e 'Isso ajuda o desempenho humano?'," explicou Shirado.
A resposta a ambas as perguntas é sim, garante a dupla.
Ajuda para melhorar
A inclusão dos agentes automatizados de software no jogo não apenas ajudou o desempenho geral dos jogadores humanos, como também se mostrou particularmente benéfico quando as tarefas se tornaram mais difíceis. Os bots aceleraram a mediana de tempo que os grupos levavam para resolver os problemas em 55,6%.
Além disso, o experimento mostrou um efeito em cascata na melhoria do desempenho dos humanos: As pessoas cujo desempenho melhorou ao trabalhar com os bots posteriormente influenciaram outros jogadores humanos a elevar seu nível de jogo.
Os resultados têm implicações para uma variedade de situações nas quais as pessoas interagem com a tecnologia de inteligência artificial. Por exemplo, pode haver um período prolongado em que os motoristas humanos compartilharão as estradas com os primeiros carros autônomos, além de uma infinidade de outras possibilidades para situações online que combinam seres humanos com a tecnologia de IA, afirmaram Shirado e Christakis.
"Há muitas maneiras pelas quais o futuro está caminhando para isso. Os bots podem ajudar os seres humanos a se ajudarem," disse Christakis.