Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/02/2020
Robôs que suam
As peles eletrônicas, ou peles robóticas, acabam de ficar ainda mais parecidas com a pele humana.
Elas agora conseguem regular sua própria temperatura por meio do suor.
Segundo Anand Mishra e colegas da Universidade de Cornell, essa forma de gerenciamento térmico é fundamental para permitir que robôs de alta potência e autônomos operem por longos períodos de tempo sem superaquecer.
Esse é um problema particularmente significativo para os robôs macios, feitos de materiais sintéticos maleáveis. Embora mais flexíveis, diferentemente dos metais, que dissipam o calor rapidamente, esses materiais retêm o calor. E as técnicas tradicionais de refrigeração interna, como um ventilador ou exaustor, não são de grande ajuda porque ocupam espaço valioso e aumentam o peso e o consumo de energia.
"A transpiração tira vantagem da perda de água por evaporação para dissipar rapidamente o calor e pode esfriar abaixo da temperatura ambiente. Então, como costuma ser o caso, a biologia forneceu um excelente guia para nós, como engenheiros. A capacidade de transpirar é uma das características mais notáveis dos seres humanos," disse Thomas Wallin, coautor do trabalho.
Transpiração para robôs
Para criar os materiais poliméricos necessários, que precisam ter estruturas internas em escala nanoscópica, a equipe usou uma técnica de impressão 3D chamada estereolitografia de materiais múltiplos, que usa luz para curar a resina em formas pré-projetadas.
O material resultante consiste em atuadores compostos de dois tipos de hidrogel que podem reter água e responder à temperatura - dito de outra forma, são esponjas termorresponsivas.
A camada base, feita de poli-N-isopropilacrilamida, reage a temperaturas acima de 30 °C encolhendo-se, o que comprime a água rumo à camada superior de poliacrilamida, que é perfurada com poros na escala dos micrômetros. Esses poros são sensíveis à mesma faixa de temperatura e se dilatam automaticamente para liberar o "suor", fechando-se novamente quando a temperatura cai abaixo de 30 ºC.
A evaporação dessa água reduz a temperatura da superfície do atuador em 21 °C em 30 segundos, um processo de resfriamento aproximadamente três vezes mais eficiente do que nos humanos - a nossa pele não foi feita só pra suar. Os atuadores também podem esfriar ainda mais rapidamente - cerca de seis vezes mais rápido - se forem expostos ao vento de um ventilador.
Como a água evapora, os robôs vão precisar reabastecer seu suprimento de água, o que é um grande inconveniente. Por isso a equipe já está projetando robôs macios que não apenas transpirem como os mamíferos, mas também bebam água como eles.