Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/04/2012
Vai encarar?
Pesquisadores criaram um robô em forma de esquilo para estudar o "relacionamento" entre esquilos e cobras cascavéis.
O relacionamento é complicado, uma vez que o objetivo das cascavéis é sempre transformar o esquilo em almoço.
Mas os experimentos mostraram que o esquilo não se intimida quando vê a cascavel.
Na verdade, em vez de fugir em disparada, ele se aproxima e encara a cobra, mantendo uma distância arriscada, ainda que fora do alcance de um primeiro bote.
Comunicação por infravermelho
Depois de correr para encarar a cobra, o esquilo inicia uma série de movimentos específicos com o rabo e, de forma surpreendente, com um aquecimento do próprio rabo.
Como as cascavéis conseguem enxergar em infravermelho - elas enxergam não apenas o calor do animal em relação à vegetação próxima, mas também as zonas mais quentes do animal - os pesquisadores levantaram a hipótese de que o esquilo poderia estar enviando um sinal para a cobra, e não para os outros esquilos.
O problema é que, com os esquilos de verdade, não é possível isolar o movimento de sinalização com a cauda e o aquecimento da própria cauda.
Foi aí que veio a ideia do robô, que possui dois mecanismos separados, um para a movimentação da cauda e outro para seu aquecimento.
E a hipótese dos cientistas estava correta: a cobra reage ao aquecimento da cauda do esquilo.
"Este é o primeiro exemplo de comunicação infravermelha no mundo animal," disse Sanjay Joshi, coordenador da equipe.
Estratégias de ataque
A pesquisa confirmou que uma cascavel dificilmente ataca um esquilo adulto, graças à sua capacidade de fugir do ataque.
Mas filhotes de esquilo são outra história, já que sua falta de experiência muitas vezes os faz chegar perto demais. E a cobra parece de alguma forma saber se aproveitar disso.
Embora as aproximações dos esquilos não sejam algo que se possa chamar de um "ataque" à cascavel, as observações mostraram que, algumas vezes, a cobra se afasta tão logo o esquilo se aproxima e começa com suas macaquices. Mas ela não hesita em atacar um filhote.
Os cientistas afirmam que, embora se saiba muito pouco sobre o comportamento das cascavéis - elas estão longe de serem animais de laboratório ideais, afirmam - os experimentos com o robô esquilo mostraram que essas cobras se comportam na natureza como se estivessem fazendo avaliações complicadas sobre a possibilidade de efetuar ataques com maior probabilidade de sucesso.
E isso é algo que não poderia ter sido detectado apenas observando animais reais na natureza.
Bioinspiração
Há muito tempo os engenheiros buscam inspiração nos animais para construir seus robôs, mas o uso de robôs para o estudo do comportamento animal é uma tendência mais recente.
"O que está me deixando mais entusiasmado é que os robôs podem realmente mudar a forma como estudamos o comportamento dos animais," resume Joshi.