Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/06/2020
Relógio solar
O relógio de sol parece ter sido o primeiro instrumento que a humanidade criou para medir o tempo, mas o relógio "do" Sol criado por Sandra Chapman e seus colegas da Universidade de Warwick, no Reino Unido, é inédito.
Em vez de medir as horas durante um dia, o "dia" deste novo relógio consiste no ciclo de 11 anos que marca a atividade do Sol, que oscila entre picos de tempestades, erupções e ejeções de massa, e vales de calmaria, durante os quais o número de eventos cai drasticamente.
E, assim como os dias nunca se repetem, não há dois ciclos solares iguais. A equipe então usou uma técnica matemática conhecida como transformada de Hilbert para padronizar os ciclos de atividade solar, que são registrados desde 1818 - esse registro do número de manchas solares já documentou 18 ciclos solares.
Assim, embora de certa forma o relógio do Sol não mostre o presente, mas o passado, o objetivo é monitorar o clima espacial, ajudando a determinar com mais precisão quando o risco de tempestades solares é mais alto.
Isso é particularmente importante na previsão e planejamento dos impactos do clima espacial em nossa infraestrutura tecnológica.
Beleza e simplicidade
"Os cientistas passam a vida tentando ler o livro da natureza. Às vezes, criamos uma nova maneira de transformar os dados e o que parecia ser confuso e complicado torna-se subitamente lindamente simples. Neste caso, nosso método de relógio solar mostrou momentos claros de 'ligar' e 'desligar' demarcando intervalos silenciosos e ativos para o clima espacial pela primeira vez.
"Grandes eventos [solares] podem acontecer a qualquer momento, mas são muito mais prováveis em torno do máximo solar. Ao ordenar corretamente as observações, descobrimos que, em 150 anos de atividade geomagnética na Terra, apenas alguns poucos por cento ocorrem durante essas condições silenciosas.
"A capacidade de estimar o risco de uma futura tempestade solar ocorrer é vital para as tecnologias espaciais e terrestres que são particularmente sensíveis ao clima espacial, como satélites, sistema de comunicações, distribuição de energia e aviação," explicou Sandra.
De fato, apenas entre 1 e 3% das tempestades solares extremas nos últimos 150 anos ocorreram nos períodos de calmaria do relógio do ciclo solar, mostrando que a diferença entre os "dias" e as "noites" do ciclo solar são radicais.