Com informações de June Namioka - IBM - 24/09/2015
Redes neurais artificiais
Redes neurais artificiais têm sido estudadas com a esperança de criar máquinas - programas de computador - com uma capacidade de aprender similar à humana.
Uma rede neural biológica é complexa demais para ser mapeada exatamente em uma rede neural artificial, mas Takayuki Osogami e Makoto Otsuka, da IBM Research de Tóquio, deram alguns passos importantes.
Os dois desenvolveram neurônios artificiais que imitam matematicamente um modelo de aprendizagem cerebral para aprender palavras, imagens e até música - o modelo é conhecido como "plasticidade cerebral dependente dos tempos de disparo".
Os neurônios matemáticos de Takayuki e Makoto formam um tipo de rede neural artificial estocástica que define uma máquina de Boltzmann dinâmica (DyBM), um sistema capaz de aprender sobre informações de vários contextos através do treinamento - a repetição que leva à perfeição, por assim dizer.
Ciência em bits
A dupla ensinou a palavra Science (ciência) a sete neurônios artificiais, um neurônio por bit, na forma de uma imagem bitmap. Assim, a imagem da palavra Science tornou-se:
Os "1s" representam as linhas que compõem as letras, enquanto os "0s" traduzem os espaços em branco em torno das letras.
O que esses sete neurônios aprenderam foi ler e gravar informações de 7 bits em uma única tacada. A palavra Science é expressa na forma de sequências de 7 x 35 bits que equivalem a uma imagem bitmap monocromática de 245 bits. Os sete neurônios leem e memorizam cada pedaço de 7 bits de informação na imagem.
Por exemplo, "0100010" é a décima coluna da imagem total de acordo com a ordem de aprendizado, e os neurônios lembram esses pedaços na ordem em que aprenderam. Ao memorizar a palavra da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, os neurônios conseguem reconhecer "ciência" para a frente, para trás ou em qualquer ordem - como fazemos ao resolver um jogo de palavras embaralhadas.
Mais neurônios, mais memória
As coisas ficam mais complicadas, e mais interessantes, quando esses neurônios artificiais aprendem sobre diferentes temas em diferentes formatos, tais como a imagem da evolução humana.
Desta vez, 20 neurônios artificiais foram incumbidos da tarefa de aprender esta imagem, que mostra como nós evoluímos, da esquerda para a direita. Por que usar 20 neurônios artificiais desta vez? Porque uma coluna da imagem que mostra a evolução humana consiste de 20 bits.
Os neurônios aprenderam as partes da imagem alinhadas na ordem correta de evolução - dos macacos ao Homo sapiens. Rodando a simulação, os neurônios foram aprendendo mais ao longo do tempo, detectando os erros e repetindo as simulações. Foram necessários apenas 19 segundos para os 20 neurônios aprenderem a imagem corretamente.
Para aprender a compor uma música - foi usada uma música tradicional alemã chamada Ich bin ein Musikante - a partir das notas musicais, foram necessários 12 neurônios e 900.000 rodadas da simulação, o que levou 28 minutos no mesmo computador.
Máquina de Boltzmann dinâmica
A máquina de Boltzmann dinâmica de Takayuki e Makoto não consegue apenas memorizar e recordar padrões sequenciais. Ela pode também detectar anomalias em padrões sequenciais e fazer previsões sobre padrões futuros.
Assim, a rede neural artificial pode ser usada para prever riscos de condução assumidos pelos motoristas a partir de dados coletados por câmeras montadas no carro. Ou compor novas músicas, até atender ao gosto do freguês, ou mesmo detectar e corrigir erros gramaticais em textos.
A dupla pretende a seguir integrar sua máquina de Boltzmann dinâmica a técnicas de aprendizagem por reforço para obter comportamentos otimizados de detecção de anomalias e cálculo de previsões.