Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/07/2022
Máquinas conscientes
Reforçando a tendência de anúncios sobre programas de computador se tornando sencientes e robôs que aprendem a imaginar a si mesmos, outra equipe internacional anunciou o desenvolvimento de um sistema de inteligência artificial que aprendeu as regras básicas do senso comum do mundo físico de maneira semelhante a um bebê.
Os pesquisadores treinaram seu sistema, chamado Platão (Plato) mostrando a ele vídeos de muitas cenas simples, como bolas caindo no chão, bolas rolando atrás de outros objetos e reaparecendo, e bolas quicando umas nas outras.
Após o treinamento, o programa foi testado mostrando a ele vídeos que às vezes apresentavam cenas fisicamente impossíveis.
Assim como uma criança pequena, o programa "mostrava surpresa" quando via algo que não fazia sentido, como objetos passando uns através dos outros sem se afetar mutuamente.
Esses efeitos de aprendizado foram vistos depois de o programa de inteligência artificial ser submetido a apenas 28 horas de treinamento. A expectativa é que, vendo mais vídeos, ele aprenda a selecionar movimentos sem sentido mais sutis.
Física intuitiva
Mesmo crianças muito pequenas estão cientes da "física intuitiva", as regras do senso comum de como o mundo funciona. Por exemplo, bebês de apenas cinco meses de idade ficam surpresos se lhes for mostrada uma situação que envolve um evento fisicamente impossível, como um brinquedo que desaparece repentinamente.
No entanto, ensinar física intuitiva para sistemas de aprendizado de máquina tem-se mostrado difícil, mesmo que esses sistemas tenham demonstrado capacidades sobre-humanas em muitas outras tarefas.
Luis Piloto e seus colegas da Universidade de Princeton (EUA) e do Colégio Universitário de Londres (Reino Unido) afirmam ter superado essas dificuldades usando pesquisas e experimentos científicos sobre como os bebês aprendem para desenvolver um sistema de aprendizado profundo capaz de atender ao objetivo de aprender física intuitiva por si mesmo.
Em particular, segundo a equipe, o programa Platão adota a tese de que os objetos desempenham um papel central na representação e na previsão do mundo físico ao nosso redor.
"Os atuais sistemas de inteligência artificial são fracos em sua compreensão da física intuitiva, em comparação até mesmo com crianças muito pequenas. Aqui lidamos com essa lacuna entre humanos e máquinas com base no campo da psicologia do desenvolvimento," escreveu a equipe.
E eles esperam que o programa Platão venha a ajudar justamente nas pesquisas sobre como os humanos aprendem, permitindo testar teorias sobre a educação.