Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/09/2012
Toscas, rudes e grosseiras
Recentemente, uma associação médica europeia lançou um manifesto afirmando que era inaceitável a qualidade atual das chamadas "próteses robóticas".
Os médicos afirmam no documento que as mãos robóticas atualmente no mercado sequer merecem esse nome, sendo equipamentos "toscos, rudes e grosseiros", muito aquém do que a tecnologia promete ou é capaz de fazer.
Gerwin Smit e seus colegas concluíram que uma "mão robótica" fabricada em 1945 - uma prótese de mão praticamente desprovida de tecnologia - funcionou melhor do que as próteses atualmente no mercado.
Na verdade, já existem mãos robóticas superavançadas, algumas com movimentos de tendões similares aos naturais, e pelo menos uma com uma sensibilidade superior ao tato humano.
O problema é que há um passo grande entre demonstrar o funcionamento de uma mão robótica no laboratório e deixá-la pronta para ser implantada em um paciente.
Alta tecnologia e baixo custo
Os maiores desafios para viabilizar uma prótese robótica incluem a necessidade de dar ao equipamento, além da destreza, uma grande durabilidade e, se possível, modularidade, para que ela possa atender às diferentes necessidades dos pacientes - tudo a um custo razoável.
Esta é a proposta do professor Curt Salisbury, do laboratório Sandia, nos Estados Unidos, que acaba de apresentar uma mão robótica que promete tudo isso.
"As mãos são consideradas a parte mais difícil de um sistema robótico, e elas são a parte menos disponível devido à necessidade de elevada destreza e baixo custo," disse ele.
A mão robótica, que recebeu o nome de Sandia Hand, é totalmente modular, o que significa que nem mesmo os dedos são permanentes - os dedos podem ser trocados conforme o grau de sensibilidade exigido.
Assim, uma mão robótica a ser usada em uma prótese poderá receber uma luva eletrônica ou os sensores táteis mais modernos disponíveis, enquanto a mesma mão poderá ser instalada em um robô comum usando dedos magnéticos ou garras.
Essa modularidade poderá reduzir o custo do equipamento, já que ele poderá ser fabricado em larga escala, atendendo a diversos mercados. O Dr. Salisbury, por exemplo, projetou sua mão robótica pensando no desarmamento de explosivos - daí o interesse em dedos que possam ser trocados rapidamente.
Controle neural
O protótipo não está pronto para uso médico, sendo controlado à distância por uma luva, o que torna o equipamento adequado para robôs, mas não para humanos.
Mas a modularidade e o baixo custo podem incentivar outras equipes a trocarem o sistema de controle desse protótipo por interfaces neurais, por exemplo.
Ou trocarem as mãos robóticas "toscas, rudes e grosseiras" de suas próteses atuais por uma mão robótica estado da arte.
A Sandia Hand tem 12 graus de liberdade, e estima-se que, fabricada em pequenos volumes, seu custo possa chegar aos US$10.000 - 10% dos equipamentos similares no mercado.