Redação do Site Inovação Tecnológica - 06/09/2011
Relacionamento científico
As redes de relacionamentos desempenham um papel cada vez mais importante na vida das pessoas e das empresas.
Mas elas também têm seu papel no mundo acadêmico, com potencial para reunir cientistas e estudantes.
Esta é a proposta do professor José Fernando Rodrigues Júnior, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) na USP em São Carlos.
Para isso, ele desenvolveu uma plataforma gratuita, que pode ser usada para analisar a interação entre cientistas.
O "Orkut Científico", ou "Facebook Universitário", garimpa informações sobre as interrelações entre os cientistas, partindo dos artigos que cada um publica.
Convergência das redes sociais
Para o pesquisador, o fenômeno das redes sociais está causando mudanças sociais, econômicas e políticas.
Atualmente, trocamos informações, opiniões e ideologias em tempo real e sem limite de fronteiras.
Mesmo a internet foi modificada pelas redes sociais, com os usuários não mais vinculados a websites.
"Agora, os usuários são vinculados entre si. Dessa maneira não é mais necessário colocar uma informação em um local público para alguém ler, agora temos um fluxo livre e direcionado de informações sociais, políticas, ou ideológicas, o que irá mudar a maneira como nos comunicamos com impactos significativos na sociedade," afirma o pesquisador.
"Por meio das redes, as informações fluem com maior dinâmica, dificultando o controle e a censura um dia impostos pelo Estado, como o que ocorreu no mundo árabe, por exemplo," acrescenta.
E ele apresenta uma possibilidade um tanto radical para o futuro das redes sociais.
Segundo o professor, futuramente as redes sociais podem convergir para se tornar uma única rede, o que pode significar o surgimento de um novo monopólio semelhante ao da Microsoft, que há décadas é o sistema operacional dominante no mundo.
Ciência nas redes sociais
Mas o interesse Prof. José Fernando foca no meio acadêmico, onde as redes sociais podem ser importantes para as publicações acadêmicas e para a interação entre seus autores.
Ele explica que outra aplicabilidade das redes sociais, é a prospecção de fenômenos de interesse científico.
Como exemplo, ele cita o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wagner Meira que, para monitorar o avanço da epidemia de dengue no país, usou dados postados na rede social Twitter, em vez de enviar estudiosos para averiguar quantas pessoas estavam contaminadas em cada região.
Os dados do Twitter foram assim "garimpados" por meio da análise computacional dos textos que constituem o conteúdo das postagens.
O software GMine
O trabalho de José Fernando consiste no estudo de redes de relacionamentos no meio acadêmico. Seu trabalho é baseado na publicação de artigos e usa como base o repositório D.B.L.P. (Digital Bibliograph Library Project).
O software desenvolvido por ele, o GMine, é desenvolvido em C++ e serve para analisar métricas de interação entre professores e pesquisadores.
O aplicativo representa graficamente a interação entre os pesquisadores em diversos graus: entre universidades, institutos, laboratórios e até de docente para docente.
O enlace dessas redes é a autoria dos artigos científicos. O professor esclarece que cada nó representa um autor e que cada aresta representa uma relação de coautoria.
O software também permite vários leiautes de apresentação. Um deles coloca no centro da apresentação os autores mais ativos e, ao redor deles, autores menos ativos em raios cada vez maiores.
Com isso podemos saber por que esse usuário interage mais, quais são as técnicas usadas, quais são as potenciais colaborações, ou mesmo o que pode aumentar a colaboração do grupo."
O software é gratuito e pode ser baixado no endereço http://gbdi.icmc.usp.br/~junio/GMine/index.htm, onde também há um tutorial em vídeo explicando o uso.