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Meio ambiente

Mudanças climáticas são diferentes nos hemisférios Norte e Sul

Com informações da Universidade de Queensland - 27/08/2014

Mudanças climáticas são diferentes nos hemisférios Norte e Sul
Ainda não há estudos comparáveis que possam avaliar o impacto das mudanças climáticas locais para regiões de mesma latitude, como a América do Sul e a África.
[Imagem: Wikipedia]

Cientistas afirmam ser necessária uma melhor compreensão dos climas regionais, depois que pesquisas sobre as geleiras da Nova Zelândia revelaram que as mudanças climáticas no Hemisfério Norte não afetam diretamente o clima no Hemisfério Sul.

O problema já havia sido apontado por pesquisadores brasileiros em 2013, que mostraram imprecisões nos dados do IPCC em relação ao Hemisfério Sul.

E também foi uma das razões que fundamentaram a criação de um modelo brasileiro do clima global.

Mudanças climáticas regionais

O novo estudo mostrou que as mudanças climáticas futuras podem impactar de maneira diferente os dois hemisférios, ou seja, uma abordagem global generalizada pode não ser a melhor forma de abordar as questões climáticas que preocupam o mundo todo.

A pesquisa foi realizada por uma equipe da Universidade de Queensland, na Austrália, em colaboração com a Universidade de Griefswald, na Alemanha, a Organização de Ciência e Tecnologia Nuclear da Austrália e a Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, abordando tendências de longo prazo do clima, e não mudanças de curto prazo, como as envolvidas no aquecimento global antropogênico.

O professor Jamie Shulmeister afirma que o estudo forneceu evidências para a sobrevivência de glaciares (geleiras) significativos nas montanhas da Nova Zelândia no final da última era do gelo - um momento em que outras áreas de gelo estavam recuando.

"Este estudo inverte as conclusões anteriores que sugeriam que as geleiras da Nova Zelândia desapareceram ao mesmo tempo que o gelo no Hemisfério Norte," disse ele.

"Nós mostramos que, quando o Hemisfério Norte começou a aquecer no final da última era glacial, as geleiras da Nova Zelândia não foram afetadas.

"Essas geleiras começaram a recuar vários milhares de anos mais tarde, quando as mudanças no Oceano Antártico levaram ao aumento das emissões de dióxido de carbono e ao aquecimento.

"Isso indica que mudanças climáticas futuras podem impactar de maneira diferente os dois hemisférios, e que as mudanças no Oceano Antártico podem ser fundamentais para a Austrália e a Nova Zelândia," explicou o pesquisador.

Ainda não há estudos comparáveis que possam avaliar o impacto das mudanças climáticas locais para regiões de mesma latitude, como a América do Sul e a África.

Mudanças descompassadas

O IPCC - Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas da ONU - já havia admitido erros nas previsões sobre o aquecimento global em razão do uso de dados incorretos sobre sobre as geleiras do Himalaia.

A equipe australiana também descobriu que a extensão máxima das geleiras na Nova Zelândia ocorreu milhares de anos antes da máxima no Hemisfério Norte, o que demonstra que o crescimento e decrescimento das camadas de gelo não segue passo a passo nos dois hemisférios.

"As geleiras da Nova Zelândia responderam em grande parte às mudanças locais no Oceano Antártico, em vez de mudanças no Hemisfério Norte, como se acreditava anteriormente.

"Este estudo destaca a necessidade de compreender o clima regional, em vez de um modelo global do tipo solução única que se aplica a todos," disse Shulmeister.

Bibliografia:

Artigo: The early rise and late demise of New Zealand’s last glacial maximum
Autores: Henrik Rother, David Fink, James Shulmeister, Charles Mifsud, Michael Evans, Jeremy Pugh
Revista: Proceedings of the National Academy of Sciences
Vol.: Published online before print
DOI: 10.1073/pnas.1401547111
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