Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/12/2011
Além da capacidade do homem
Um projeto financiado pela União Europeia desenvolveu uma plataforma que promete converter o conteúdo gerado pelos usuários de sites e redes sociais em uma "inteligência coletiva".
Segundo os pesquisadores, o sistema vai muito além da chamada mineração de dados, sendo prontamente utilizável em inúmeras aplicações, do atendimento de emergências até guias de turismo para cidades.
Os pesquisadores partiram da constatação de que a quantidade de dados gerados já supera a capacidade do homem para organizá-los.
"Os usuários não conseguem mais processar as informações de forma eficiente, e não conseguem tirar proveito do conhecimento subjacente," explica o Dr. Yiannis Kompatsiaris, coordenador do projeto WeKnowIt ("Nós Sabemos", em tradução livre).
Inteligência coletiva
O sistema começa com uma visão que conceitualiza os diferentes formatos de dados com que os usuários lidam diariamente, criando um corpo coeso de informações que os cientistas chamam de "inteligência coletiva".
O principal foco do projeto são textos e comentários inseridos por usuários de diversos tipos de sites, incluindo as conhecidas redes sociais.
"Há muitos tipos diferentes de inteligência que nós recebemos e processamentos todos os dias," diz o Dr. Kompatsiaris. Os comentários dos usuários constituem a "inteligência de massa", enquanto as interações pessoais formam a "inteligência social".
O projeto WeKnowIt parte do pressuposto de que, juntas, essas várias fontes de informação constituem a "inteligência coletiva", que tem o potencial para melhorar a capacidade das pessoas e das instituições para localizar e utilizar informações relevantes nos momentos adequados.
"Usando uma grande variedade de ferramentas, a plataforma WeKnowIt transforma informações em larga escala e desestruturadas em tópicos significativos, entidades, questões de interesse, conexões sociais e eventos," explica o pesquisador.
Camada intermediária
As ferramentas são sobretudo programas intermediários, uma assim chamada camada de middleware, que roda em servidores por onde os dados brutos trafegam - são 20 programas ao todo.
Mas há também aplicativos finais, como o ClustTour, um programa que ajuda a encontrar lugares interessantes em cidades usando grupos de fotos e eventos e associando-os a lugares e mapas.
Um outro programa combina informações de várias fontes para identificar locais onde podem estar ocorrendo emergências, sejam catástrofes naturais, sejam acidentes de carro, por exemplo.
Há ainda ferramentas para detectar tendências de consumo, de moda e até questões financeiras.
O sistema não deverá ser disponibilizado como uma plataforma única. Os vários parceiros do projeto, que inclui universidades e empresas, estão agora partindo para criar produtos específicos para seu próprio uso, partindo da plataforma WeKnowIt.
Ou seja, parece que a "inteligência coletiva" será de proveito principalmente para os detentores das cerca de 10 patentes que o projeto gerou.