Com informações da Universidade de Colúmbia - 22/09/2015
População que vive no litoral
Que a matemática é uma ótima parceira da inovação é algo bem conhecido e demonstrado - seja a matemática que acelera a internet em até 10 vezes, seja a matemática que ajuda a cerveja a gelar em 45 segundos.
E, algumas vezes, os cálculos nascem de estudos que nada parecem ter a ver com inovações tecnológicas e avanços técnicos que possam resultar em novos negócios.
Foi o que aconteceu com o trabalho de Chris Small e Joel Cohen, da Universidade de Colúmbia, que queriam descobrir qual porcentagem da população da Terra vive no litoral - isso é importante para verificar o risco da população em eventos catastróficos, como tsunamis, ou de longa duração, como a eventual subida do nível do mar devido às mudanças climáticas.
Eles descobriram que, ao contrário do dado mais difundido pela imprensa - que fala em 60% -, cerca de um terço da população mundial vive nas regiões costeiras em elevações de até 100 metros do nível do mar.
Demografia hipsográfica
Para chegar à resposta, os dois pesquisadores - Small é geofísico e Cohen é matemático - tiveram que desenvolver técnicas de análise de dados que deram origem a uma nova área de pesquisas, a demografia hipsográfica.
Essas técnicas foram necessárias para a integração dos dados de relevo com os dados de ocupação superficial do solo, além de um modelo probabilístico para explicar o efeito combinado da altitude e da latitude.
Foram então que começaram a surgir as surpresas.
Em vez de geógrafos e entidades de defesa civil, foram empresas que começaram a bater às portas dos dois pesquisadores.
Matemática da inovação
A empresa Frito-Lay contratou os dois para que eles aplicassem suas técnicas para verificar se valia a pena desenvolver embalagens que suportem altas altitudes para atender os consumidores dos seus salgadinhos que vivem em regiões onde a pressão do ar é menor.
A Procter & Gamble procurou ajuda porque seus sabonetes são produzidos e se misturam de forma diferente também de acordo com a altitude - das fábricas e dos consumidores.
A Intel se interessou pela análise porque o processo de refrigeração dos processadores tem uma eficiência que depende da densidade do ar em diferentes altitudes - hoje, o trabalho dos dois está na base de padrões importantes para a refrigeração dos microchips em computadores pessoais.
Além desses casos mais famosos, o trabalho de análise dos dados já foi citado em 96 outras situações, em tópicos que variam da disseminação da malária e da gripe asiática à iluminação dos LEDs, das fotografias aéreas ao projeto de espaçonaves. Isto sem contar, claro, as questões ambientais, como a elevação do nível do mar e as tsunamis.
"Acontece que, como ninguém havia feito isso antes, nossa pesquisa teve todas essas outras aplicações. Um monte delas foi uma grande surpresa para nós," comentou Small.