Redação do Site Inovação Tecnológica - 12/03/2013
Micróbios marcianos
Análises de uma amostra de rocha coletada pelo robô Curiosity em Marte revelaram que o ambiente pode ter apresentado condições para vida microbiana no passado.
Os cientistas identificaram enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono no pó que o Curiosity recolheu depois de perfurar uma rocha sedimentar perto do que se acredita ser um antigo leito aquoso.
Embora ninguém duvidasse que esses elementos estivessem presentes em Marte, a novidade é que eles se organizam em um tipo de rocha cuja formação ocorre associada com a água.
"Uma questão fundamental para esta missão é se Marte poderia ter suportado um ambiente habitável. Pelo que sabemos agora, a resposta é sim," disse Michael Meyer, cientista-chefe da missão.
Os dados indicam que a área que o robô está explorando pode ser ou a foz de um antigo rio ou um lago temporário, que poderia ter suprido a energia química e outras condições favoráveis para os micróbios.
O robô fez esta que foi sua primeira perfuração em Marte, próximo ao local onde já havia sido identificado o leito seco de um antigo rio marciano.
Argila marciana
A rocha é composta por minerais de argila, sulfatos e outros compostos químicos.
O ambiente onde a rocha se formou, ao contrário de outros locais já estudados em Marte, não apresenta fortes condições oxidantes, ácidas, ou muito salgadas.
"Os minerais de argila compõem, no mínimo, 20% da amostra," disse David Blake, responsável pelo instrumento CheMin do robô.
Esses minerais de argila são um produto da reação de água relativamente fresca com minerais ígneos, tais como a olivina, também presente no sedimento.
A reação pode ocorrer dentro de um depósito sedimentar, durante o transporte dos sedimentos ou na região da fonte do sedimento. A presença do sulfato de cálcio, juntamente com a argila, sugere que o solo era neutro ou ligeiramente alcalino.
Os cientistas ficaram surpresos ao encontrar uma mistura de compostos oxidados, menos oxidados, e mesmo não oxidados, mostrando um gradiente de energia do tipo que muitos micróbios da Terra exploram para viver. Esta oxidação parcial ficou clara assim que o pó da rocha perfurada mostrou-se cinza em vez de vermelho.
"A variedade de ingredientes químicos que identificamos na amostra é impressionante, sugerindo pares tais como sulfatos e sulfetos, que indicam uma possível fonte de energia química para microrganismos," disse Paul Mahaffy, outro cientista da missão.