Marte recebe mais três sondas espaciais

Com informações das agências Brasil e RTP - 09/02/2021

A chegada a Marte está congestionada esta semana.
[Imagem: NASA]

Orbitador e rovers

O Planeta Vermelho recebe, a partir desta terça-feira (9), mais três sondas espaciais terrestres.

A primeira a chegar foi a Hope (Esperança), dos Emirados Árabes Unidos. Seguem-se, amanhã (10), a chinesa Tianwen-1 (Astronomia 1) e, no dia 18, a norte-americana Perseverance (Perseverança). As três sondas, duas das quais levam veículos exploratórios, têm missões muito diferentes, mas com um objetivo comum: conhecer melhor o planeta.

As sondas foram lançadas há cerca de sete meses, período em que a distância entre a Terra e Marte era a menor nos próximos dois anos e, agora, o mês de fevereiro é finalmente o momento de colocá-las no local para onde foram programadas.

Cada sonda teve de percorrer uma longa etapa, cerca de 400 milhões de quilômetros entre os dois planetas, sem que as equipes saibam o desfecho de suas criações. Uma das fases mais críticas de cada missão é a de travar as sondas para que não cheguem rápido demais ao planeta, o que pode significar uma colisão ou um "passar reto".

E o sucesso das missões nunca é garantido: Mais da metade das viagens de sondas a Marte falharam. Na verdade, apenas os Estados Unidos conseguiram aterrissar aparelhos, já por oito vezes desde 1976, com destaque para os veículos exploratórios Sojourner (1997), Spirit e Opportunity (2004) e Curiosity (2012).

A sonda árabe Hope ficará apenas na órbita de Marte.
[Imagem: UAE Space Agency]

Sonda árabe

A corrida a Marte abre-se com uma janela de esperança. Pelo menos assim esperam os estreantes espaciais dos Emirados Árabes Unidos. Lançada a partir do Centro Espacial Tanegashima, no Japão, em 19 de julho de 2020, a sonda Hope, é a primeira a alcançar e orbitar Marte.

A missão dessa sonda não é pousar na superfície, mas sim orbitar o planeta por um ano marciano inteiro (687 dias). A principal missão será monitorar os ciclos meteorológicos do planeta. Dentro dessa pesquisa, a Hope vai procurar dados que possam, de alguma forma, fornecer informação sobre o por quê de Marte estar perdendo hidrogênio e oxigênio para o espaço.

Embora esta não seja a primeira sonda a orbitar Marte - há 14 satélites fazendo isso - a sonda EMM é mais um marco e um símbolo do progresso científico dos Emirados Árabes Unidos nesse campo, sendo a quinta nação a alcançar o planeta.

A missão espacial tem ainda outra particularidade, a cooperação internacional, com muita tecnologia e engenharia norte-americana e o lançamento por um foguete japonês. Serve também a um objetivo futuro: os líderes árabes querem inspirar os jovens para que estudem essa área promissora.

O rover chinês lembra os norte-americanos Spirity e Opportunity.
[Imagem: CNSA]

Tianwen 1

Depois de duas missões, com excelente resultado, à face oculta da Lua, a China quer agora marcar presença em Marte com um pequeno veículo científico.

Lançada em 23 de julho de 2020, a missão chinesa Tianwen-1 tem como objetivo, à semelhança do que fez na Lua, colocar um veículo exploratório na superfície marciana. Mas, apesar de a sonda que transporta o rover chegar no dia 10 de fevereiro, o módulo de pouso só deverá entrar em Marte em maio. A equipe científica chinesa ainda vai analisar o melhor local para a aterrissagem.

Embora muitos detalhes sobre a Tianwen sejam ainda desconhecidos, os objetivos centrais já foram revelados e incluem a criação de um mapa geológico de Marte e a localização de potenciais depósitos de gelo de água. Essa tarefa será feita em órbita e deverá determinar o local para onde o rover, de 240 quilos, equipado com seis instrumentos, incluindo duas câmaras e um radar, irá pousar.

A missão é a segunda tentativa da China de chegar a Marte. A primeira foi em 2011, tendo a sonda Yinghuo ficado presa à órbita da Terra após o mau funcionamento.

O helicóptero Engenhosidade pesa menos de dois quilogramas e não leva carga científica.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Perseverance

Depois de os primeiros rovers terem demonstrado capacidade, resistência e eficácia, quer nos resultados, quer nos objetivos mais do que superados na dura superfície marciana, a Nasa continua a apostar no envio de mais um equipamento com vasto laboratório ambulante.

Com essa aposta, os norte-americanos continuam a procurar vestígios biológicos em Marte.

Para chegar ao seu objetivo, a agência espacial norte-americana quer aterrissar o novo veículo na cratera de Jezero - um lugar que se acredita ter concentrado água há cerca de 3,5 bilhões de anos.

A Perseverance é, de todos os modelos já enviados pela Nasa, o mais pesado (1.050 quilogramas), mas também o mais bem equipado, com 23 câmaras de media de alta resolução e uma broca para recolher amostras do solo.

O rover também é equipado com microfones, que prometem registrar e enviar para a Terra os primeiros sons na superfície de outro planeta. Outra carga interessante, embora sem experimentos científicos, é o helicóptero de 1,8 quilogramas, chamado Ingenuity (Engenhosidade), que irá sobrevoar várias zonas de Marte, transmitindo o sinal ao rover, que fará chegar os dados e imagens à Terra.

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