Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/11/2010
Torcer um feixe de luz em forma de parafuso é um feito recente, mas já realizado ao longo dos últimos anos.
Agora, pela primeira vez, cientistas da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, conseguiram obter o chamado estado "super trançado", ou "super torcido" da luz.
Luz super trançada
A luz super torcida não existe na natureza e, até agora, só havia sido teorizada pelos cientistas, mas nunca ninguém havia conseguido produzi-la.
Muito mais "apertada" do que a luz torcida, a luz super torcida abre o caminho para experiências muito mais precisas, capazes de alcançar dimensões inalcançáveis com os aparelhos atuais.
Primeiro, os cientistas usaram um filtro polarizador para torcer a luz até deixá-la em forma de parafuso. A seguir, eles direcionaram a luz já torcida sobre uma superfície de ouro com um formato especialmente projetado para refletir a luz de determinada forma.
A luz assim refletida alcançou o estágio de "super torcida".
Vestígios de proteínas
A luz super torcida pode ser usada para encontrar vestígios de proteínas em amostras de material biológico incrivelmente pequenas, muito menores do que as amostras necessárias pelos sistemas de análise atuais - na fixa dos picogramas.
Os cientistas testaram esta possibilidade e verificaram que sua luz super trançada é particularmente sensível às estruturas de proteínas que causam doenças degenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
A luz torcida, ou luz polarizada, também chamada de luz trançada, já é usada em algumas técnicas médicas para analisar biomoléculas. Por isto os cientistas perseguiam com tanto afinco a possibilidade de torcê-la ainda mais, já que eles imaginavam que a luz super torcida deveria permitir uma análise ainda mais precisa das amostras.
O uso mais promissor da luz super trançada está na espectroscopia, uma técnica de análise que estuda os materiais de acordo com a forma como eles absorvem e reemitem a luz.
Luz nunca vista
"Nós agora estamos vendo se esta mesma técnica pode ser adaptada para detectar uma gama maior de proteínas, que são indicativas de outras doenças. O fato de esse método exigir muito menos material para análise do que as técnicas atuais, e utilizar uma forma de luz nunca vista é um grande passo adiante," diz o Dr. Malcolm Kadodwala, coordenador da pesquisa.
Utilizada desde a detecção de objetos celestes extremamente distantes até o biossensoriamento, a espectroscopia, agora incrementada pela luz super torcida, também deverá se tornar útil na detecção de determinados tipos de vírus que têm estruturas semelhantes.
Veja mais sobre a luz torcida na reportagem: Luz torcida: cientistas torcem e retorcem a luz.