Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/09/2012
Robôs inteligentes
Dois jogadores virtuais ganharam o desafio BotPrize, convencendo um painel de especialistas de que eles estavam sendo controlados por humanos.
Os dois personagens são programas de inteligência artificial, que usaram estratégias diferentes para demonstrar um comportamento e ações típicas de um jogador humano.
O desafio é diferente do Teste de Turing clássico, que consiste em fazer com que as máquinas demonstrem comportamento inteligente fazendo-se passar por um humano em uma conversa com humanos.
O BotPrize consiste em fazer com que os agentes de software controlem personagens no jogo Unreal Tournament 2004, um jogo de tiro em primeira pessoa.
"A ideia é avaliar nossa capacidade de construir robôs jogadores, que são personagens controlados por algoritmos de inteligência artificial," explica Risto Miikkulainen, professor de ciência da computação na Universidade do Texas.
Isso pode resultar não apenas em jogos melhores, mas também ajudar no desenvolvimento de ambientes virtuais mais realísticos - para treinamento e ensino - assim como para a construção de robôs que interajam com os humanos de forma mais natural.
Arma de julgamento
Os robôs têm que jogar uma partida, competindo entre eles e contra um igual número de personagens controlados por jogadores humanos.
Cada jogador humano, além das armas normais do jogo, possui uma "arma de julgamento", com a qual ele atira nos adversários para marcá-los como humano ou robô.
Esta foi apenas a quinta vez que a competição foi realizada, e dois robôs passaram pelo teste: o UT^2, programado por Miikkulainen, Jacob Schrum e Igor Karpov, e o Mirrorbot, programado pelo romeno Mihai Polceanu, atualmente fazendo doutoramento no Centro Europeu de Realidade Virtual, na França.
Ambos receberam marcações de "adversário humano" em mais da metade das vezes em que foram avaliados - o MirrorBot em 52,2% das vezes e o UT^2 em 51,9%.
Imitando humanos
O Mirrorbot, como seu nome indica - robô espelho - imita o comportamento dos outros jogadores.
Ao se deparar com um adversário, o Mirrorbot observa seu comportamento e, se não se sentir ameaçado, entra em um modo de "interação social", simplesmente copiando as ações do seu companheiro temporário, incluindo movimentos, modos de disparo, seleção das armas, saltos e agachamentos.
O UT^2 também copia o comportamento dos adversários, mas somente em um dos aspectos para o qual os programadores ainda não encontraram solução: como se desviar de obstáculos.
Se para um humano parece óbvio que é necessário desviar de uma parede antes de bater nela, ensinar um robô a fazer o mesmo é uma questão ainda sem solução.
Para os demais comportamentos, o UT^2 usa algoritmos evolutivos, em que cada versão do software seleciona "filhos" que herdaram as estratégias que mais se parecem com as humanas.
Imitar em vez de recriar
O fato de que estratégias aparentemente tão simples tenham sido eficientes levanta algumas questões interessantes sobre a inteligência artificial e as técnicas para fazer com que robôs se mostrem mais sabidos: "imitar a turma" parece ser mais do que suficiente para parecer fazer parte da turma.
De forma bastante interessante, apenas dois dos quatro participantes humanos receberam mais de 50% de marcações de humano - um deles obteve apenas 26,3%.
A conclusão desse sucesso desses robôs, fazendo-se passar por humanos mais do que alguns humanos, é que o pragmatismo venceu as teorias.
Por exemplo, o Neurobot, um programa de inteligência artificial estado da arte, baseado em um modelo da consciência humana, ficou em quarto lugar, longe dos 50% necessários de "humanidade" - ele alcançou apenas 26,1% de eficiência.