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INPE traça mapa das mudanças climáticas na América do Sul

Inpe - 28/08/2009


Mudanças climáticas regionais

Nos últimos cinco anos, centros de pesquisa nos Estados Unidos e Europa têm produzido cenários mais detalhados de mudanças climáticas, com uso de modelos regionais de melhor resolução espacial do que os modelos globais utilizados pelo IPCC.

No Brasil, projeções para a América do Sul, com ênfase nas regiões brasileiras, vêm sendo divulgadas desde 2007, com simulações baseadas em modelos regionais gerados pelo INPE.

Uma nova rodada de cenários para a América do Sul está sendo produzida pelo INPE, a partir do Modelo Eta, utilizado atualmente para previsões de tempo e clima para o país.

Modelagem de mudanças climáticas

Os resultados desse processamento, que começou em março, serão apresentados a especialistas de 19 países ibero-americanos que participam de um treinamento em modelagem de mudanças climáticas a partir do próximo domingo (30/08).

O evento, que acontece em Cachoeira Paulista (SP), irá se estender até o dia 4 de setembro e é promovido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com o apoio da Red Iberoamericana de Oficinas de Cambio Climático, da Espanha e da Comissão Econômica para América Latina CEPAL.

Os cenários de clima futuro para a América do Sul são provenientes de dois modelos globais que integram o quarto relatório do IPCC, divulgado em 2007: o HADCM3 (inglês) e do ECHAM4 (alemão). Estes cenários estão sendo regionalizados na resolução espacial de 40 quilômetros e detalham a distribuição das mudanças climáticas para os períodos de 2010 a 2100.

Mapas de vulnerabilidade

O Brasil é o primeiro país da América do Sul a detalhar as projeções de mudanças climáticas para todo o continente. Centros de pesquisa na Argentina e Chile têm gerado cenários, mas somente para algumas regiões do continente e para períodos menores do que 30 anos.

José Antonio Marengo, pesquisador do CST-INPE e um dos responsáveis pelo treinamento, explica que a proposta é capacitar especialistas da região no desenvolvimento de cenários de mudanças climáticas e eventos extremos, permitindo a geração de mapas de vulnerabilidade, úteis na elaboração de políticas públicas e aplicação de medidas de adaptação e mitigação.

Eficiência computacional

Segundo a pesquisadora Chou Sin Chan, do CPTEC-INPE, diretora técnica do evento, "durante o curso, os especialistas terão a oportunidade de rodar cenários com detalhamento de, por exemplo, 15 quilômetros para um período de um a dois anos". Ela ressalta que o Modelo Eta tem como vantagem a alta eficiência computacional. É possível utilizar PCs e pequenos clusters para produzir os cenários futuros.

A expectativa é de que nesta primeira etapa do curso, especialistas da área de modelagem possam desenvolver estudos preliminares de mudanças climáticas para regiões específicas e temas de interesse de seus países. A partir das projeções do Modelo Eta poderão ser gerados cenários e mapas de vulnerabilidade que indiquem possíveis impactos sobre a cobertura da vegetação, recursos hídricos, agricultura, saúde entre outros temas.

Disseminação do conhecimento

Após esta primeira etapa, os participantes poderão levar os dados gerados nos trabalhos desenvolvidos ao longo do treinamento para serem aperfeiçoados em suas instituições. A idéia do treinamento é fazer com que cada um dos especialistas dissemine o conhecimento adquirido entre outros especialistas de seu país de origem.

Este é o segundo curso com essa finalidade. O primeiro, realizado em 2009, revelou bons resultados, uma vez que os países já estão usando o aprendizado para elaborar os seus próprios cenários de clima futuro nos seus países e aplicando as projeções de clima em estudos de impactos e vulnerabilidade, dirigidos a elaboração de políticas ambientais. Alguns dos participantes do ano passado irão retornar ao INPE para apresentações e discussões sobre os trabalhos desenvolvidos nos seus países e para compartilhar experiências com pesquisadores do Brasil, Espanha, EUA, e das Américas.

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