Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/08/2012
Do virtual para o real
Brevemente será tão fácil imprimir um objeto tridimensional quanto hoje é fácil imprimir um trabalho escolar em uma impressora jato de tinta.
As impressoras 3D ainda não são tão baratas quanto as impressoras domésticas, mas isso pode ser uma questão de tempo.
E a dificuldade de software - como traduzir uma imagem vista na tela em comandos para uma impressora 3D - acaba de ser solucionada por engenheiros da Universidade de Harvard.
Moritz Bacher e seus colegas criaram um aplicativo que "traduz" os personagens de animação - de filmes ou jogos - em objetos totalmente articuláveis, que podem ser impressos na impressora 3D e montados.
Renderização reversa
A tarefa está longe de ser trivial, uma vez que é necessário reverter o processo de animação, executando uma espécie de renderização reversa.
O problema é que o mundo virtual dá ao animador uma liberdade que não obedece à física do mundo real.
"No mundo virtual, você tem toda a liberdade que você não tem no mundo físico. Você pode construir um personagem anatomicamente tão esquisito que ele pode nunca parar de pé no mundo real, e pode fazer deformações que não são possíveis do ponto de vista da física," explica Bacher.
É o caso dos caracteres do videogame Spore, que foi utilizado para testar o novo "driver de impressão 3D".
Driver de impressão 3D
O novo programa, essencialmente um driver de impressão, desempenha duas tarefas básicas.
Primeiro, ele identifica as localizações ideais das juntas dos personagens a partir da observação do movimento dos personagens no filme.
A seguir, ele otimizar o tamanho e a localização dessas juntas, adaptando-as para o mundo físico, de forma a garantir uma certa compatibilidade virtual-real.
Por exemplo, um antebraço comprido pode ser fino demais para aguentar uma articulação robusta, e as articulações em uma coluna curva podem colidir umas com as outras se ficarem muito próximas.
As articulações de encaixar recebem ranhuras automaticamente, para que os modelos possam se sustentar.
O programa também aperfeiçoa a textura da pele do modelo. Os personagens animados tendem a ter uma pele muito "grosseira", de baixa resolução, para permitir o processamento em tempo real. A ferramenta ajusta isso criando detalhes a partir da forma como a luz se reflete na superfície do personagem.
Impressão eletrônica
A tecnologia já foi patenteada, e está em processo de licenciamento.
Mas os pesquisadores querem mais.
"Talvez no futuro alguém possa inventar uma impressora 3D que imprima o corpo e os componentes eletrônicos em uma única peça. Então, você poderia criar o personagem animado completo com o apertar de um botão, e fazê-lo andar sobre sua mesa," imagina Bacher.