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A importância da gestão nas empresas de base tecnológica

Com informações da Agência Fapesp - 06/11/2013

A importância da gestão nas empresas de base tecnológica
"Esse conjunto de práticas pode ser útil e aplicado por gestores de outras empresas para facilitar a condução do processo de desenvolvimento de produtos."
[Imagem: Divulgação]

Por terem sido fundadas, em sua maioria, por profissionais com muito conhecimento técnico, mas com pouca capacitação em gestão de projetos, as empresas brasileiras de base tecnológica - principalmente as pequenas - têm dificuldade de gerenciar seu portfólio de produtos

A avaliação é de Daniel Jugend, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

Algumas dessas empresas, no entanto, especialmente as de médio e grande porte, destacam-se nessa seara por apresentar diferenciais como gestão de portfólio de forma estruturada - com equipes multifuncionais voltadas ao desenvolvimento de produtos -, ressalva o pesquisador.

Os resultados da pesquisa de Jugend e Sérgio Luis da Silva, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), estão agora virando livro, intitulado Inovação e desenvolvimento de produtos: práticas de gestão e casos brasileiros.

"Uma das ideias do livro é apresentar uma série de conceitos fundamentais de inovação e práticas de gestão de portfólio adotadas por cinco empresas brasileiras de base tecnológica, de médio e grande porte, que se destacam no país em inovação tecnológica de produtos", disse Jugend.

"Esse conjunto de práticas pode ser útil e aplicado por gestores de outras empresas para facilitar a condução do processo de desenvolvimento de produtos", avaliou.

Gestão de portfólio

"Em pequenas e médias empresas de base tecnológica é comum os profissionais que atuam em pesquisa e desenvolvimento terem de se envolver em muitas atividades burocráticas que acabam sobrecarregando-os e fazendo com que percam o foco no desenvolvimento de produtos", contou Jugend.

"Já essas cinco empresas analisadas possuem uma estrutura mais profissionalizada, com pessoal voltado totalmente ao desenvolvimento de produtos, atuando em departamento de engenharia ou de pesquisa e desenvolvimento", comparou.

Ao avaliar seus portfólios e decidir lançar um produto, por exemplo, algumas empresas retratadas no livro contam com estrutura própria de escritórios de projetos, contou Jugend.

Ao assessorar as empresas na gestão individual de cada projeto de desenvolvimento de produtos, esses escritórios internos reúnem as equipes encarregadas de criar um determinado produto ou tecnologia e são responsáveis por controlar o orçamento, definir indicadores de desempenho, instituir prazos e até mesmo preparar softwares de gestão do projeto.

De acordo com Jugend, as empresas analisadas demonstraram a preocupação de formar equipes multifuncionais para esses projetos de desenvolvimento de novos produtos, compostas por especialistas de diferentes departamentos, como pesquisa e desenvolvimento, engenharia, marketing, compras e manufatura.

"Isso tende a facilitar ou melhorar a tomada de decisão sobre o desenvolvimento de um produto porque, dessa forma, é possível abordar diferentes aspectos relacionados ao seu desenvolvimento - como, por exemplo, a viabilidade tecnológica, as tendências de consumo e qual a escala de produção necessária para atender à demanda do mercado", avaliou o pesquisador.

Mapas tecnológicos

Outra prática que atrai o interesse dessas empresas, de acordo com Jugend, é a aplicação de mapas tecnológicos.

Também conhecidos como technology roadmaps, esse tipo de mapeamento possibilita às empresas tentar prever a direção na qual devem caminhar as tecnologias existentes nos mercados nos quais atuam. A aplicação desses mapas pelas firmas nacionais de base tecnológica representa uma tendência, segundo Jugend.

"Em empresas da base tecnológica é difícil fazer uma boa previsão de demanda e tendências de mercado quando se está pensando em desenvolver produtos, porque as tecnologias com as quais trabalham costumam ser muito dinâmicas", explicou.

As empresas que ganham destaque na área são chamadas pelos pesquisadores de "organizações ambidestras" - que fazem paralelamente inovações incrementais e radicais de produtos.

Para diminuir os riscos de aposta em tecnologias que podem não ser bem-sucedidas no mercado, as empresas realizam, na maioria das vezes, inovações tecnológicas incrementais - menos arriscadas, que exigem menos investimento e de curto prazo. Porém, ao mesmo tempo, também realizam inovações radicais - que envolvem maiores riscos, custos e são mais de longo prazo.

"Elas são, sem dúvida, exceções entre as empresas brasileiras", disse.

O livro de Jugend e Silva foi lançado pela editora LTD e tem ISBN número 9788521623007.

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