Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/06/2015
Materiais que computam
Evolução na matéria e comportamento computacional emergente são termos envolvendo um campo emergente de pesquisas que envolve a criação de "materiais que computam".
Materiais que possuam estruturas com capacidade intrínseca de realizar cálculos - sem depender da inclusão de transistores ou outros componentes eletrônicos discretos - poderão dar "inteligência" a virtualmente qualquer objeto.
Victor Yashin, da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, criou um material híbrido, um misto de polímero e cristal piezoelétrico, que apresenta características dessa "matéria computacional".
A partir de entradas externas, como alterações no ambiente, movimento ou sinais vitais do ser humano, por exemplo, o material realiza cálculos por meio de uma reação química oscilatória incorporada em sua própria estrutura.
Como o material híbrido é flexível, os pesquisadores esperam que, no futuro, possa ser possível incorporá-lo em tecidos, sapatos e outros acessórios. A velocidade de operação não concorre com os computadores eletrônicos, mas é suficiente para lidar com ritmos do corpo humano, como respiração, batimentos cardíacos, ritmo de andar etc.
Pulsação computacional
A capacidade de cálculo é baseada em um material conhecido como gel de Belousov-Zhabotinsky, que a mesma equipe já havia usado para criar uma estrutura que "ouve", "fala" e anda, uma espécie de vida sintética.
Na falta de qualquer estímulo externo, a substância oscila naturalmente devido a uma reação periódica de oxidação e redução de um catalisador metálico - o gel incha e se expande devido a essa reação. Esse movimento oscilatório é usado para acionar uma pequena alavanca de material piezoelétrico, transformando a pulsação do gel em eletricidade.
Basta então colocar essas unidades umas ao lado das outras, de forma que a eletricidade gerada pelo primeiro bloco gera um tranco na alavanca piezoelétrica do próximo bloco, pressionando-o e fazendo-o alterar suas oscilações.
Múltiplas unidades podem ser conectadas em série ou em paralelo, permitindo padrões de oscilação complexos e até uma memória, permitindo que o material seja usado para fazer cálculos.
O próximo passo do trabalho será criar um "teclado" para esse gel computacional, uma camada de entrada que permita reconhecer padrões externos e executar tarefas em resposta a esses padrões.