Redação do Site Inovação Tecnológica - 26/09/2018
Teoria Gaia
Uma teoria consagrada pelo tempo sobre por que as condições na Terra permaneceram estáveis o suficiente para que a vida evoluísse durante bilhões de anos recebeu uma de suas primeiras atualizações importantes.
Nos últimos 50 anos, a hipótese Gaia, de autoria do professor James Lovelock, vem sendo a referência fundamental - e talvez única - para explicar como a vida persistiu na Terra apesar do dinamismo do planeta.
A ideia da teoria Gaia - alguns preferem hipótese Gaia - é que os organismos vivos e seus arredores inorgânicos evoluíram juntos como um sistema único, autorregulador, que manteve o planeta hospitaleiro para a vida - apesar de ameaças como um Sol com suas próprias idiossincrasias, vulcões e ataques de meteoritos, sem contar os aquecimentos e eras do gelo.
O professor Tim Lenton, da Universidade de Exeter (Reino Unido), e o professor de ciências e sociólogo francês Bruno Latour juntaram-se agora para lançar o que eles chamam de "Gaia 2.0", que tem como eixo central a ideia de que os seres humanos têm o potencial de dar um "upgrade" nesse sistema operacional planetário.
Seleção sequencial e seleção pela sobrevivência
Na Teoria Gaia original, James Lovelock sugeriu que os componentes orgânicos e inorgânicos da Terra evoluíram juntos como um sistema autorregulador único que pode controlar a temperatura global e a composição atmosférica para manter sua própria habitabilidade.
A nova proposta de Lenton e Latou traz uma nova solução para como Gaia funciona em termos reais: A estabilidade viria de uma "seleção sequencial", na qual situações onde a vida desestabiliza o ambiente tendem a ser de curta duração e resultam em novas mudanças até que surja uma nova situação estável, que tende a persistir.
Quando isso acontece, o sistema tem mais tempo para adquirir outras propriedades que ajudam a estabilizá-lo e mantê-lo - um processo batizado de "seleção apenas pela sobrevivência".
"O problema central com a hipótese original de Gaia era que a evolução através da seleção natural não pode explicar como todo o planeta passou a ter propriedades estabilizadoras ao longo das escalas de tempo geológicas. Em vez disso, mostramos que pelo menos dois mecanismos mais simples [seleção sequencial e seleção pela sobrevivência] trabalham juntos para dar ao nosso planeta propriedades autoestabilizantes," disse Lenton.
Gaia 2.0
Os pesquisadores acreditam que a evolução tanto dos seres humanos quanto de sua tecnologia pode adicionar um novo nível de "autoconsciência" à autorregulação da Terra, que está no cerne da teoria original de Gaia.
À medida que os humanos se tornam mais conscientes das consequências globais de suas ações, incluindo as mudanças climáticas, um novo tipo de autorregulação deliberada se torna possível conforme limitamos nossos impactos no planeta.
Lenton e Latour sugerem que essa "escolha consciente" para se autorregular introduz um "novo estado fundamental de Gaia" - o que poderia nos ajudar a alcançar uma maior sustentabilidade global no futuro.
No entanto, essa autorregulação autoconsciente depende de nossa capacidade de monitorar e modelar continuamente o estado do planeta e nossos efeitos sobre ele.
"Se quisermos criar um mundo melhor para a crescente população humana neste século, precisamos regular nossos impactos em nosso sistema de suporte à vida e deliberadamente criar uma economia mais circular, que se baseia - como a biosfera - na reciclagem de materiais feita com energia sustentável," disse o professor Lenton.