Com informações do CTA - 05/12/2016
Operação Rio Verde
Teve início no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, uma campanha que culminará como lançamento de um foguete com oito experimentos científicos e tecnológicos nacionais.
A Operação Rio Verde é um desdobramento do Programa Microgravidade, que financia os projetos da comunidade técnico-científica brasileira por meio de voos suborbitais.
A campanha começou com o lançamento de um Foguete de Treinamento Básico (FTB), na semana passada, para confirmação do apronto dos meios operacionais e de apoio. O próximo será um foguete de sondagem VSB-30, carregando os experimentos.
Após o lançamento e o voo em ambiente de microgravidade, os experimentos devem ser recuperados em alto mar por helicópteros da Força Aérea Brasileira (FAB), com apoio de embarcações da Marinha.
Experimentos
Veja a seguir a descrição dos experimentos que irão ao espaço no VSB-30.
1. MPM-A: Novas tecnologias de meios porosos para dispositivos com mudança de fase, desenvolvidos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Os minitubos de calor fazem uso do calor latente de fusão e do efeito capilar para transportar energia de uma fonte quente para uma fria. Esses dispositivos podem ser utilizados para o controle térmico tanto de equipamentos eletrônicos no espaço como em terra.
2. MPM-B: Tem a mesma finalidade do MPM-A, mas enquanto o fluido de trabalho do experimento MPM-A é o metanol, o MPM-B utiliza o fluido refrigerante denominado HFE7100.
3. VGP2: Os efeitos da microgravidade real no sistema vegetal cana-de-açúcar, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trata-se de um experimento biológico que tem por objetivo avaliar os efeitos na microgravidade sobre o DNA da cana-de-açúcar.
4. E-MEMS: Sistema para determinação de atitude de veículos espaciais, desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). O objetivo deste experimento é fazer uso de sensores comerciais para determinação de atitude de sistemas espaciais.
5. SLEM: Solidificação de ligas eutéticas em microgravidade, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Este experimento contempla o desenvolvimento, construção e qualificação de um forno elétrico com capacidade de fundir (300°C) amostras de 3 materiais distintos. Ao atingir o ambiente de microgravidade, o forno é desligado e ocorre a solidificação das ligas.
6. GPS: Modelos de GPS (Sistema de Posicionamento Global) para aplicações em veículos espaciais de alta dinâmica, desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), com a colaboração do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Esse equipamento fornece a latitude, longitude e altitude da carga útil durante todas as fases do voo do foguete.
7. SMA: Sensor Mecânico Acelerométrico, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Servirá para ativação de linhas de ignição, após submetida a uma aceleração entre 4 e 6 vezes a aceleração da gravidade. Com esse dispositivo, ainda em fase de qualificação, objetiva-se elevar a segurança do veículo, evitando-se, por exemplo, que sistemas pirotécnicos sejam acionados antes do tempo previsto.
8. CCA: Circuito de Comutação e Atuação, desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). Modelo de desenvolvimento do sequenciador de eventos pirotécnicos e comutação de energia funcional.
Voo suborbital
Todos os experimentos estarão a bordo da plataforma Carga Útil MICROG2, que será instalada no VSB-30 V11.
O VSB-30 foi desenvolvido pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em parceria com o Centro Aeroespacial Alemão (DLR) para viabilizar estudos e pesquisas em ambiente de queda livre, sem rotações e acelerações por até seis minutos, em condições que caracterizam o ambiente de microgravidade.
O foguete VSB-30, composto por dois estágios propelidos a combustível sólido, deverá alcançar uma altitude de aproximadamente 260 km. O voo terá a trajetória de uma parábola e não terá energia suficiente para injetar a carga útil em órbita. Por este motivo, é denominado voo suborbital.
Nesta trajetória, após a separação da carga útil dos estágios propulsores, os experimentos ficarão por aproximadamente seis minutos em ambiente de microgravidade, antes de caírem de volta, descendo de paraquedas no oceano, onde serão recuperados.