Com informações da PhysicsWorld - 02/07/2013
Normalmente os engenheiros deparam-se com a necessidade de isolar acusticamente as paredes, mantendo todo o som dentro ou fora de um ambiente.
Mas uma equipe do Japão e da Coreia do Sul acaba de fazer o contrário.
Jong Jin Park e seus colegas desenvolveram uma técnica que torna uma parede virtualmente "invisível para o som".
Ou seja, de um ótimo refletor de ondas acústicas, as paredes podem ser transformadas em um transmissor acústico quase perfeito.
Embora seja difícil encontrar alguma utilidade prática para a técnica em termos de paredes reais, ela pode fazer a diferença em microscópios, filtros de ruído e concentradores acústicos.
Transmissão acústica extraordinária
A descoberta é um análogo acústico para um fenômeno chamado transmissão óptica extraordinária, que permite que as ondas eletromagnéticas passem quase sem obstáculos através de uma rede de nanofuros feitos em uma barreira opaca.
A versão acústica também depende de microfuros, com a diferença de que eles são recobertos por uma fina membrana.
As ondas sonoras viajam na forma de oscilações físicas dos átomos do meio por onde o som se propaga - elas não podem passar através de uma barreira rígida porque os átomos não oscilam.
Ao fazer furos na membrana rígida, que não compõem mais do que 3% do volume do material, e recobri-los com o mesmo filme plástico usado para cobrir alimentos na cozinha, os pesquisadores transformaram a "parede" em um transmissor sonoro ótimo.
Com a tensão do filme plástico ajustada para que sua frequência de ressonância seja a mesma das ondas sonoras incidentes, a ressonância da membrana amplifica suas oscilações.
Essa ressonância movimenta o ar através dos furos como se o ar não tivesse inércia, permitindo que ele se mova em resposta a deslocamentos muito pequenos, transferindo quase toda a energia das ondas acústicas incidentes através da barreira.
Enquanto a barreira experimental deixa passar 81% do som, se o filme plástico for retirado, essa transmissão cai para 9%.
Metamaterial acústico
A concentração da energia acústica em furos minúsculos permitirá a criação de novos tipos de lentes, como as usadas no emergente campo da microscopia acústica ou para a criação de um elusivo laser de som.
Além disso, segundo os pesquisadores, a técnica pode funcionar com qualquer frequência, incluindo o ultrassom.
E, embora os cientistas refiram-se sempre à transmissão do som, a técnica pode ser explorada para bloquear determinadas frequências, o que transforma a placa perfurada e seus furos tampados em um autêntico metamaterial acústico, capaz de manipular as ondas sonoras à vontade.