Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/03/2018
Eletrônica transitória
Engenheiros da Universidade Cornell, nos EUA, demonstraram um novo método para vaporizar aparelhos eletrônicos remotamente, dando aos dispositivos a capacidade de desaparecer no ar - juntamente com seus valiosos dados - se caírem nas mãos erradas.
Essa capacidade de autodestruição é o cerne de uma tecnologia emergente conhecida como eletrônica transitória, ou transiente, na qual porções-chave de um circuito - ou todo o circuito - podem se desintegrar ou dissolver discretamente, sem explosões.
E como a vaporização não emite nenhum subproduto prejudicial, os engenheiros preveem aplicações biomédicas e ambientais, além da proteção de dados.
Chips que se autodestroem
Existem várias técnicas para desencadear a vaporização de um circuito eletrônico, cada uma com seus próprios inconvenientes. Alguns eletrônicos transitórios usam condutores solúveis que se dissolvem em contato com a água, obviamente exigindo a presença de umidade. Outros se desintegram quando atingem uma temperatura específica, exigindo que um elemento de aquecimento e uma fonte de energia estejam disponíveis.
Ved Gund e Amit Lal criaram uma arquitetura transitória que elimina essas desvantagens. Eles usaram um microchip de dióxido de silício dentro de um invólucro de policarbonato. O chip tem em seu interior cavidades microscópicas preenchidas com rubídio e bifluoreto de sódio, produtos químicos que podem reagir termicamente e decompor o microchip.
A reação térmica pode ser desencadeada remotamente usando ondas de rádio para abrir as válvulas de grafeno que mantêm os produtos químicos selados nas cavidades.
"O rubídio encapsulado então se oxida vigorosamente, liberando calor para vaporizar o invólucro de policarbonato e decompor o bifluoreto de sódio. Este último libera ácido fluorídrico de forma controlável, para derreter os componentes eletrônicos," disse Gund.
Sensores que se desintegram
A tecnologia também poderá ser integrada em nós de redes de sensores sem fio para uso em monitoramento ambiental. "Por exemplo, os sensores vaporizáveis podem ser usados em uma plataforma de internet das coisas para monitorar culturas ou coletar dados sobre nutrientes e umidade, e depois desaparecer quando tiverem completado essas tarefas," disse Gund.
A dupla já registrou uma patente para a tecnologia e agora pretende aprimorar a arquitetura com vistas a fazê-la chegar ao mercado.