Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/08/2011
Esfera da invisibilidade
O húngaro Janos Perczel, trabalhando na Universidade de St.Andrews, no Reino Unido, superou um dos maiores desafios para a fabricação de um manto da invisibilidade mais prático do que os feitos até agora.
Perczel otimizou o enfoque tradicional baseado em metamateriais adicionando um dispositivo óptico que não apenas se mantém também invisível, como tem a capacidade para diminuir a velocidade da luz.
Esse dispositivo óptico, que Perczel chamou de "esfera invisível", diminui a velocidade de toda a luz que se aproxima do objeto a ser camuflado.
Isto significa que não é mais necessário acelerar os raios de luz ao redor dos objetos a serem camuflados, uma exigência que vem limitando os mantos da invisibilidade a trabalharem com apenas uma faixa do espectro visível.
Camuflagem de objetos em movimento
O esquema da esfera invisível abre a possibilidade de que mantos da invisibilidade camuflem objetos que estejam se movendo, tendo atrás de si um plano de fundo em constante mutação.
Até agora, as camuflagens alteram a velocidade da luz para que ela se "curve", contornando o objeto que deve ficar escondido - de forma parecida com a água de um riacho contornando uma pedra.
Passado o "obstáculo", a luz retoma sua rota original, fazendo parecer a um observador que o objeto não está lá.
Como as condições para aceleração da luz são muito restritas, isso limita a funcionalidade das camuflagens, que só funcionam para um faixa de comprimentos de onda - para uma determinada cor.
Ou seja, o truque vai funcionar se o espião que quer se camuflar aceitar ficar totalmente imóvel. Tão logo ele se mova, a cena fica distorcida, revelando ao observador que algo está escondido ali.
Expansão do espaço
Invertendo a abordagem - usando a esfera invisível para desacelerar a luz - torna-se possível construir mantos da invisibilidade que funcionem para todas as cores, o que permitirá que o espião caminhe à vontade, sem se denunciar.
A "esfera invisível" não é um objeto físico, mas um mecanismo que expande um único ponto de um espaço virtual, fazendo com que esse ponto "inche" e estenda-se por uma região do espaço físico - formando uma esfera - e cobrindo o que estiver nesse espaço físico.
Um raio de luz que seja cuidadosamente guiado ao redor dessa região invisível - usando o método tradicional dos metamateriais - parece ter passado pelo espaço vazio, tornando invisível a região "coberta" pela esfera.
De forma notável, Janos Perczel é um estudante de graduação, trabalhando no laboratório do renomado professor Ulf Leonhardt, que criou o microscópio óptico 3D e demonstrou a possibilidade da levitação quântica em nanoescala. Foi também ele que descobriu a possibilidade de fabricação de uma lente perfeita, idealizada em 1850.