Redação do Site Inovação Tecnológica - 10/05/2022
Vulcão alcança o espaço
Quando o vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai entrou em erupção, em 15 de janeiro de 2022, ele arremessou ondas de choque atmosféricas, estrondos sônicos e ondas de tsunami em todo o mundo.
Mas ele foi mais longe: Os efeitos do vulcão também atingiram o espaço.
Nas horas após a erupção, ventos com velocidade de furacão e correntes elétricas incomuns se formaram na ionosfera, a camada atmosférica superior eletrificada da Terra, já na fronteira do espaço.
Os registros foram encontrados nos dados das missões ICON (sigla em inglês para Explorador da Conexão Ionosférica), da NASA, e Swarm, da ESA (Agência Espacial Europeia).
"O vulcão criou um dos maiores distúrbios no espaço que vimos na era moderna," disse Brian Harding, da Universidade de Berkeley, nos EUA. "Isso está nos permitindo testar a conexão mal compreendida entre a atmosfera inferior e o espaço."
Eletrojato
Quando o vulcão entrou em erupção, ele disparou uma nuvem gigante de gases, vapor de água e poeira para o céu. A explosão também criou grandes distúrbios de pressão na atmosfera, gerando ventos fortes. À medida que os ventos se expandiam para cima, em camadas atmosféricas mais finas, eles começaram a se mover mais rápido.
Conforme medido pela missão ICON, ao atingirem a ionosfera e a borda do espaço esses ventos atingiram uma velocidade de até 724 km/h, tornando-os os ventos mais fortes medidos pela missão, até uma altitude de 200 km, desde o seu lançamento.
Na ionosfera, os ventos extremos também afetaram as correntes elétricas. Partículas na ionosfera formam regularmente uma corrente elétrica que flui para o leste - chamada de eletrojato equatorial - alimentada por ventos na atmosfera mais baixa. Após a erupção, o eletrojato equatorial subiu para cinco vezes sua potência de pico normal e mudou drasticamente de direção, fluindo para o oeste por um curto período.
"É muito surpreendente ver o eletrojato ser largamente revertido por algo que aconteceu na superfície da Terra," disse Joanne Wu, coautora do estudo. "Isso é algo que só vimos anteriormente com fortes tempestades geomagnéticas, que são uma forma de clima no espaço causada por partículas e radiação do Sol."
Um forte eletrojato equatorial está associado à redistribuição de material na ionosfera, o que pode atrapalhar os sinais de GPS e rádio que são transmitidos pela região.