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Robótica

Devemos programar uma alma humana na inteligência artificial, propõe pesquisadora

Redação do Site Inovação Tecnológica - 11/08/2023

Devemos programar uma alma humana na inteligência artificial, propõe pesquisadora
A cultura tecnológica teria extirpado o que considerou um "código lixo", mas que é justamente o grande responsável pela nossa humanidade.
[Imagem: Eve Poole/CRC Press]

Código-fonte da alma

A sociedade moderna já depende intrinsecamente dos sistemas automatizados e, cada vez mais, da inteligência artificial. Essas ferramentas já estão incorporadas em nossas rotinas diárias e não mostram sinais de desaceleração - na verdade, o uso da assistência robótica e automatizada é cada vez maior.

Esse uso generalizado da IA apresenta aos tecnólogos e desenvolvedores dois dilemas éticos: Como construir robôs que se comportem de acordo com nossos valores e como impedi-los de agir de forma desonesta?

A professora Eve Poole, que navega com destreza nas interfaces entre tecnologia, economia e religião, acredita que a saída está em "codificar mais humanidade nos robôs", dando a eles características como empatia e compaixão.

Em seu último trabalho, chamado Almas de Robôs (Robot Souls), ela explora a ideia de que a solução para o enigma da sociedade sobre como garantir que a IA seja ética está na própria natureza humana.

Usando uma analogia com o antigo "DNA lixo", que hoje os cientistas se deram conta ser tudo, menos lixo, a pesquisadora argumenta que, em sua busca pela perfeição, a ciência e a tecnologia deixaram de lado o "código lixo" que nos programa para sermos humanos, incluindo as emoções, o livre arbítrio e o senso de propósito.

"É esse 'lixo' que está no coração da humanidade. Nosso código lixo consiste em emoções humanas, nossa propensão a erros, nossa inclinação para contar histórias, nosso estranho sexto sentido, nossa capacidade de lidar com a incerteza, um senso inabalável de nosso próprio livre arbítrio e nossa capacidade de ver significado no mundo ao nosso redor.

"Esse código lixo é de fato vital para o florescimento humano, porque por trás de todas essas propriedades esquisitas e excêntricas existe uma tentativa coordenada de manter nossa espécie segura. Juntos, eles funcionam como uma série de melhorias com um tema comum: Eles nos mantêm em comunidade, de modo que há segurança em nos juntarmos," disse Poole.

Devemos programar uma alma humana na inteligência artificial, propõe pesquisadora
Nós não sabemos como a inteligência artificial funciona - é a chamada caixa-preta da IA.
[Imagem: CC0 Creative Commons]

Almas de robôs

Com a IA assumindo cada vez mais funções de tomada de decisão em nossas vidas diárias, juntamente com as crescentes preocupações sobre preconceito e discriminação nesses algoritmos, a pesquisadora argumenta que a resposta para esses dilemas pode estar justamente nas coisas que tentamos retirar das máquinas autônomas.

"Se pudermos decifrar esse código, a parte que nos faz querer sobreviver e prosperar juntos como espécie, podemos compartilhá-lo com as máquinas, dando a elas, para todos os efeitos, uma 'alma'," propõe ela.

Poole sugere uma série de passos para tornar isso realidade, incluindo um acordo sobre um rigoroso processo de regulamentação e uma proibição imediata das armas autônomas, juntamente com um regime de licenciamento com regras que reservem qualquer decisão final sobre a vida e a morte de um ser humano para um semelhante humano.

Ela argumenta que também devemos concordar com os critérios de personalidade jurídica e um roteiro para a inteligência artificial em relação a essa "pessoa robótica".

Devemos programar uma alma humana na inteligência artificial, propõe pesquisadora
Outra proposta envolve uma Lei Única da Robótica: Os humanos devem prosperar.
[Imagem: Lukas/Pixabay]

O projeto humano

Em termos gerais, a pesquisadora propõe a existência de um "código-fonte da alma", do qual a cultura tecnológica teria extirpado o que considerou um "código lixo", mas que é justamente o grande responsável pela nossa humanidade.

Ela então argumenta que é hora de colocar esse código em primeiro plano e usá-lo para examinar novamente como estamos programando a inteligência artificial e os robôs em geral.

"Como os humanos são imperfeitos, desconsideramos muitas características quando construímos a IA. Assumiu-se que robôs com características como emoções e intuição, que cometiam erros e buscavam significado e propósito, não funcionariam tão bem.

"Mas, ao considerar por que todas essas propriedades irracionais estão lá, parece que elas emergem do código-fonte da alma. Porque na verdade é esse código 'lixo' que nos torna humanos e promove o tipo de altruísmo recíproco que mantém a humanidade viva e prosperando," propõe Poole.

Bibliografia:

Artigo: Robot Souls
Autores: Eve Poole
Vol.: 9781032426624
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