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Desenvolvimento de jogos eletrônicos começa a decolar no Brasil

Com informações da Agência Brasil - 27/12/2017

Desenvolvedores de jogos no Brasil

A produção de jogos eletrônicos começa a se estruturar e apresentar crescimento consistente no Brasil.

Dados do Global Games Market Report 2017, da consultoria Newzoo, mostram que o Brasil ocupa o 13° lugar no ranking de países que mais geraram receita no setor, com estimativa de US$ 1,3 bilhão para este ano. No mundo, é esperado que o mercado movimente US$ 108,9 bilhões em 2017.

De olho no potencial desse filão, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) firmou parceria com a Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Games (Abragames). As duas entidades criaram o projeto Brazilian Game Developers, com o objetivo de desenvolver e promover a indústria local de games no exterior.

"Em 2013, a Apex começou a parceria com esse setor. Aconteceu um mapeamento estratégico dos pólos criadores de games no país. Foi quando a gente começou a entender quem eram as empresas, onde elas estavam," relata Mariana Gomes, gestora de Projetos da Apex Brasil.

Segundo dados da agência de fomento, em 2015 os estúdios brasileiros desenvolvedores de jogos eletrônicos que recebem assistência do projeto fecharam US$ 11 milhões em negócios internacionais. Em 2016 esse número aumentou para US$ 17,4 milhões, um incremento de 58%. Os resultados de 2017 ainda estão sendo consolidados e só serão divulgados em março de 2018.

Editais para jogos eletrônicos

Mariana Gomes afirma que a expectativa é que a cifra deste ano supere os resultados do anterior. Ela vê 2017 como "o ano dos games brasileiros". "Muito do que aconteceu de 2013 até aqui foi produção e desenvolvimento de jogos. A gente está entrando agora na fase de lançamento deles," explica. Mariana informa que, também neste ano, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) lançou dois editais totalizando R$ 20 milhões em recursos para empresas criadoras de jogos eletrônicos.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública destinada a estimular a ciência, também lançou um edital no valor de R$ 15 milhões. Segundo Mariana Gomes, são os primeiros editais específicos para estúdios desenvolvedores de jogos.

"O primeiro edital [da Ancine] totalizou R$ 10 milhões, apoiou 25 jogos em três categorias diferentes: ao custo de R$ 250 mil, R$ 500 mil e R$ 1 milhão para serem desenvolvidos. Com o outro edital que está rodando, no mesmo valor, vêm mais 25 jogos nessas três categorias. O dinheiro da Ancine entrou pra desenvolvimento do jogo e o da Finep para a empresa se fortalecer," destacou Mariana.

Tipos de jogos eletrônicos

O Brasil não tem estúdios com orçamento e estrutura para produzir os chamados jogos Triplo A, categoria utilizada para se referir aos jogos com muito dinheiro envolvido na produção e que se tornam grandes sucessos. Segundo Mariana Gomes, os jogos brasileiros se enquadram na classificação jogos indie, com recursos mais modestos para o desenvolvimento.

Ainda assim, os jogos brasileiros têm tido um bom desempenho. "A gente tem alguns exemplos clássicos de casos de sucesso internacional. Um estúdio de Porto Alegre, o Aquiris Game Studio, lançou o Horizon Chase, um jogo de corrida de carros antigos. Outro jogo deles, chamado Ballistic Overkill, é um jogo em primeira pessoa online," exemplificou.

Há também os jogos educacionais, como o Enem Game. Desenvolvido pela empresa capixaba Mito Games, o jogo funciona fornecendo recompensas aos jogadores que acertarem perguntas sobre o conteúdo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Mercado internacional

Mariana Gomes explica que os modelos de negócio que desenvolvedores de jogos podem fechar no mercado internacional são variados. É possível firmar um contrato para disponibilizar o jogo em lojas de aplicativos para celular, por exemplo. Nesse caso, é possível cobrar pelo download ou lançar uma versão grátis mas com conteúdos periódicos pagos.

Outra alternativa, geralmente usada no caso de jogos para plataforma externa (consoles), é um contrato de distribuição com uma empresa internacional, que fará a publicidade do jogo no exterior. Por fim, alguns grandes estúdios subcontratam parte do desenvolvimento do jogo: uma empresa brasileira pode ser responsável pela música, por exemplo.