Com informações da BBC - 02/03/2017
Beleza dramática
Com um desenho caprichosamente talhando a paisagem em uma remota região da Rússia, este buraco já alcança 1 quilômetro de extensão e 85 metros de profundidade. E não pára de crescer.
A gigantesca cratera, batizada de Batagaika, emerge na floresta boreal da Sibéria à medida que o solo até então tido como permanentemente congelado - pergelissolo, ou permafrost - derrete em razão das mudanças climáticas.
A cratera, que surgiu na década de 1960, tem crescido a uma taxa média de 10 metros por ano. Mas, em anos mais quentes, esse aumento chegou a 30 metros, conforme indicou estudo do Instituto Alfred Wegener em Potsdam, na Alemanha. A instituição vem monitorando a cratera há uma década.
Registro geológico
A cratera representa uma rara oportunidade de observar, ao mesmo tempo, o passado, o presente e o futuro.
As camadas de sedimento expostas revelam como era o clima na região há 200 mil anos. Resquícios de árvores, pólen e animais indicam que, no passado, a área era quente, abrigando uma densa floresta.
Esse registro geológico pode ajudar a compreender como será, no futuro, a adaptação da região ao aquecimento global. E, ao mesmo tempo, o crescimento acelerado da cratera é um indicador imediato do impacto cada vez maior das mudanças climáticas no degelo do pergelissolo.
Era do aquecimento
"Queremos saber se as mudanças climáticas durante a última Era do Gelo esteve caracterizada por uma grande variabilidade, com períodos intercalados de aquecimento e esfriamento," disse Julian Murton, professor da Universidade de Sussex, na Inglaterra.
Isso é importante porque a história climática de grande parte da Sibéria ainda pode ser considerada um mistério. Ao reconstruir alterações ambientais do passado, poderá ser possível fazer melhores previsões sobre mudanças climáticas similares no futuro.
Há 125 mil anos, por exemplo, houve um período interglacial, com temperaturas vários graus acima das registradas atualmente. "Entender como era o ecossistema pode nos ajudar a entender como a região se adaptará ao atual aquecimento do clima", afirmou o professor Murton.