Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/02/2023
Computador de um átomo
Definir um computador como qualquer coisa que processa informações, recebendo uma entrada e produzindo uma saída, levanta algumas questões interessantes.
Por exemplo, quais tipos de objetos podem realizar cálculos? E quais são os menores objetos que podem ser considerados capazes de computação?
À medida que os transistores se aproximam do limite da miniaturização, essas questões são mais do que meras curiosidades: As respostas para elas podem formar a base de um novo paradigma de computação.
Gerard McCaul e seus colegas da Universidade de Tulane, nos EUA, demonstraram agora que mesmo um dos constituintes mais básicos da matéria - um átomo - pode funcionar como um computador, e de um tipo que faz uma computação extremamente promissora e eficiente, chamada computação de reservatório, em que a maior parte dos cálculos é realizada pelo próprio sistema, sem requerer energia adicional.
Melhor ainda, nessa computação de reservatório baseada em um átomo individual todo o processamento de entrada e saída é óptico, ou seja, feito com luz.
Computador atômico
A equipe idealizou um computador não-linear de átomo único, com as informações de entrada codificadas diretamente na luz, e a saída também na forma de luz. O cálculo é então determinado pelos filtros pelos quais a saída de luz é dirigida.
"Nossa pesquisa confirmou que essa abordagem funciona em princípio, bem como confirmou o fato de que o sistema tem um desempenho melhor quando a luz de entrada é projetada para induzir um grau mais alto de não-linearidade no sistema," disse McCaul.
O trabalho mostra matematicamente que o átomo "processa" a luz de entrada por meio de um processo conhecido como geração de altos harmônicos, em que o átomo produz variações do sinal óptico de entrada em outras frequências, permitindo executar tarefas como a classificação de dados. A eficiência e a velocidade de processamento é tanta que, segundo a equipe "isso pode abrir caminho para o desenvolvimento de plataformas de processamento de informações petahertz".
"Eu provavelmente argumentaria que o que estamos tentando enfatizar com este trabalho é que o sistema mínimo capaz de computar realmente existe no nível de um único átomo e que a computação pode ser realizada puramente com processos ópticos," acrescentou McCaul.
Todo resultado tem sua computação
Foi a ideia de que a capacidade de computação é uma propriedade universal de todos os sistemas físicos que levou a desenvolvimentos como o da computação de reservatório ou mesmo da computação neuromórfica.
O conceito é interessante porque abre caminho para arquiteturas de computação flexíveis o suficiente para que qualquer resultado (ou saída) possa ser obtido dispondo-se da informação (ou entrada) adequada.
De fato, levar esse conceito para um átomo é apenas mais um jeito de olhar para a questão, mas era importante demonstrar que há mecanismos disponíveis para tirar proveito disso.
Foi isto o que os pesquisadores demonstraram em seu trabalho.
"Se queremos algum resultado computacional dado, temos a garantia de que existe alguma entrada para a computação que o alcançará," resumiu McCaul.