Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/09/2012
Crítica computadorizada
Não é apenas nos videogames que as máquinas já conseguem se equiparar aos humanos.
É certo que os computadores ainda não conseguiram mostrar-se verdadeiramente inteligentes, superando o Teste de Turing clássico.
Mas eles conseguiram superar um desafio que parecia muito menos provável: apreciar a arte humana.
Lior Shamir e Jane Tarakhovsky, da Universidade Tecnológica de Lawrence, nos Estados Unidos, elaboraram um algoritmo que mostrou um "bom gosto artístico" impressionante.
Na verdade, o programa fez mais do que isso: ele conseguiu "entender" a arte, organizando pinturas em categorias, imitando a percepção e a análise feita por especialistas.
Descritores numéricos
O programa analisou aproximadamente 1.000 pinturas, de 34 artistas renomados, procurando por similaridades.
De forma surpreendente, ele respondeu criando uma rede de similaridades entre os pintores que coincide largamente com a categorização feita pelos historiadores da arte.
O programa atribuiu a cada pintura 4.027 descritores numéricos de contexto - números que refletem o conteúdo da imagem, como textura, cores e formas.
Isto permite quantificar vários aspectos do conteúdo visual.
O programa então usou métodos de reconhecimento de padrões e técnicas estatísticas para detectar padrões complexos de semelhanças e diferenças entre os estilos artísticos, e quantificar essas semelhanças.
Gosto artístico de computador
O gráfico gerado pelo programa mostra as semelhanças entre 34 diferentes pintores, refletindo as semelhanças entre os estilos artísticos de cada um.
A análise mostra que o computador foi capaz de identificar claramente as diferenças entre o realismo clássico e estilos artísticos modernos, separando automaticamente os pintores em dois grupos, 18 pintores clássicos e 16 pintores modernos.
Dentro destes dois grupos gerais, o programa identificou sub-grupos de pintores que faziam parte dos mesmos movimentos artísticos. Por exemplo, ele colocou artistas do Alto Renascimento - Rafael, Leonardo Da Vinci e Michelangelo - muito próximos uns dos outros.
Os pintores barrocos Vermeer, Rubens e Rembrandt foram também agrupados pelo algoritmo, indicando que o programa identificou automaticamente que esses pintores partilhavam estilos artísticos semelhantes.
O programa também deduziu que Gauguin e Cézanne, ambos considerados pós-impressionistas, têm estilos artísticos semelhantes, e também identificou semelhanças entre os estilos de Salvador Dali, Max Ernst e Giorgio de Chirico, todos considerados pelos historiadores da arte como fazendo parte da escola Surrealista.
No geral, o programa produziu automaticamente uma análise que está largamente de acordo com a categorização feita pelos historiadores de arte.