Redação do Site Inovação Tecnológica - 23/03/2021
Supercondutividade e hidrogênio
Em outubro do ano passado, uma equipe da Universidade de Rochester alegou ter obtido supercondutividade à temperatura ambiente em altas pressões, mas aquela pesquisa depois retratada por não ter sido confirmada.
Agora, usando um novo método de síntese, o mesmo grupo criou um material supercondutor a uma temperatura ligeiramente mais baixa, mas a uma pressão muito mais baixa.
Como no experimento do ano passado, a equipe usou uma bigorna de diamante para criar um composto rico em hidrogênio sob alta pressão.
"Para ter um supercondutor de alta temperatura, você quer ligações mais fortes e elementos leves. Esses são os dois critérios básicos. O hidrogênio é o material mais leve, e a ligação de hidrogênio é uma das mais fortes," explica o professor Ranga Diaz.
O candidato básico seria o hidrogênio metálico, mas as pressões para obtê-lo são descomunais.
O truque então é usar materiais ricos em hidrogênio que imitam a fase supercondutora do hidrogênio puro, mas que podem ser metalizados a pressões muito mais baixas.
Mais frio e menos pressão
No experimento anterior, os pesquisadores combinaram hidrogênio com carbono e enxofre. Desta vez, eles combinaram o hidrogênio com o ítrio, um metal de transição reativo, criando o super-hidreto de ítrio supercondutor.
Dentro da bigorna de diamante, Elliot Snider e seus colegas colocaram hidrogênio gasoso e ítrio sólido separados por uma fina folha de paládio.
A camada de paládio protegia o ítrio e evitava sua oxidação, mas também funcionou como um catalisador, ajudando a transportar átomos de hidrogênio para o ítrio.
O super-hidreto de ítrio resultante apresentou supercondutividade a -11,15 ºC e 182 GPa, uma pressão significativamente mais baixa do que os cerca de 267 GPa necessários para o supercondutor à temperatura ambiente do ano passado.
Rumo à supercondutividade prática
Infelizmente, essa pressão ainda é alta demais para aplicações práticas - lembre-se que a pressão atmosférica considerada "normal" na Terra é de 101,325 Pa, o que é cerca de 1,8 bilhão de vezes menos do que a pressão usada no experimento.
Além disso, a quantidade de material supercondutor criado em uma bigorna de diamante é medida em picolitros (10-12 litro).
Mas a equipe está confiante em sua abordagem e afirma que seu desafio continua sendo encontrar maneiras de criar materiais supercondutores à temperatura ambiente em pressões baixas o suficiente para que sua produção em grandes volumes seja economicamente viável.