Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/09/2012
Eletrônica transiente
Uma nova classe de circuitos eletrônicos pode não apenas ser implantada no corpo humano, como também se degrada, desaparecendo por completo depois de cumprir sua tarefa.
Ao contrário dos circuitos eletrônicos tradicionais, que são projetados para durar pelo menos até a próxima versão deles próprios, os circuitos eletrônicos biodegradáveis são temporários, com um tempo de vida bem demarcado, agendado no próprio circuito.
A tecnologia poderá ser útil nos implantes biomédicos, para ajudar a tratar condições temporárias, como infecções, ou para estimular ações fisiológicas, como o crescimento de ossos.
Os circuitos eletrônicos "transientes", ou temporários, foram fabricados por Suk-Won Hwang, da Universidade de Tufts, em colaboração com a equipe do Dr. John Rogers, um pioneiro na área da eletrônica flexível.
Circuitos eletrônicos biodegradáveis
Para construir os circuitos biodegradáveis, os pesquisadores usaram fios de seda - que são essencialmente proteínas - e finíssimas folhas de silício e magnésio, materiais que são facilmente reabsorvidos pelo organismo.
Os aparelhos são feitos intercalando camadas de componentes eletrônicos e camadas de encapsulamento. As camadas de encapsulamento são as primeiras a se dissolver, e determinam o início da biodegradação.
Um segundo "relógio" é composto pelos eletrodos de magnésio. Os dois temporizadores combinados determinam o tempo de dissolução do circuito inteiro.
Os testes foram feitos em ratos de laboratório, implantando circuitos destinados a liberar um medicamento bactericida destinado a proteger uma abertura cirúrgica intencionalmente infectada.
Antes do implante, os pesquisadores programaram o circuito para começar a se degradar depois de ficar exposto por um determinado tempo aos biofluidos.
Examinando as cobaias depois de três semanas, a equipe verificou uma redução na infecção no local da cirurgia e detectou apenas traços residuais do circuito eletrônico.
Lixo eletrônico biodegradável
A reabsorção - a biodegradação dos circuitos implantados - também pode ser acionada por calor, radiação, variações no pH e outros fatores ambientais.
Por isso, os cientistas não descartam a possibilidade do uso mais geral da técnica, eventualmente para combater o acúmulo de lixo eletrônico.
"Os circuitos eletrônicos transientes oferecem um desempenho robusto, comparável ao dos equipamentos tradicionais, mas eles serão reabsorvidos pelo ambiente em um tempo programado, que pode ir de minutos a anos, dependendo da aplicação," disse Fiorenzo Omenetto, membro da equipe.
Embora o estudo agora publicado tenha analisado um implante médico específico, a equipe já construiu diodos, bobinas, sensores de temperatura e tensão, fotodetectores, células solares, osciladores de rádio e até uma câmera digital muito simples, tudo usando a sua eletrônica transiente.