Barb Abney - 20/08/2009
Pesquisadores da Universidade Central da Flórida, nos Estados Unidos, demonstraram pela primeira vez que a luz pode guiar suavemente e alterar a direção de células vivas no interior de culturas em laboratório.
A possibilidade de dirigir opticamente as células pode se tornar um instrumento importante para explorar o poder curativo das células-tronco, guiando-as para áreas do corpo que estão precisando de tratamento.
Objetivos de longo prazo
Os resultados, apresentados na Conferência Internacional de Lasers e Eletro-óptica e Eletrônica Quântica, foram obtidos pela equipe liderada pelos professores Aristide Dogariu, que é cientista na área de óptica e fotônica, e Kiminobu Sugaya, pesquisador de células-tronco.
As implicações de longo prazo do trabalho incluem a estimulação e o controle da regeneração de tecidos para promover uma cicatrização mais homogênea e a possibilidade de alterar o formato das células e evitar que tumores malignos espalhem-se pelo corpo.
Torque da luz
Existem outras técnicas ópticas de manipulação, como a perfuração de minúsculas incisões com luz e as pinças ópticas, todas se mostrando promissoras para a manipulação de pequenas porções de matéria.
Agora, os pesquisadores se concentraram em dirigir as células suavemente, "tocando-as" apenas com a energia da luz.
O trabalho mostrou pela primeira vez que o torque induzido opticamente pode afetar os componentes no interior das células que coordenam sua mobilidade - sua capacidade para se mover espontaneamente - alterando a orientação das células no interior das culturas.
Enquanto estudos anteriores nessa área vinham enfatizando a proteção da célula contra a energia da luz, Dogariu e Sugaya se concentraram em usar a energia da luz para estimular as tendências naturais das células.
Dirigindo o movimento natural das células
As células vivas usam energia para se mover ativa e espontaneamente. Influenciar esse movimento sem colocar em risco a sua constituição química é um grande desafio. Os pesquisadores exploraram a ideia de mover uma célula inteira focando a luz em seus mecanismos internos.
No interior das células há finos filamentos feitos de uma proteína chamada actina. "Os filamentos de actina ficam vibrando continuamente, fazendo com que a célula se mova esporadicamente," diz Sugaya.
Os pesquisadores demonstraram que um feixe de luz polarizada de baixa intensidade pode controlar o movimento browniano dos filamentos, fazendo-os alinharem-se e moverem a célula na direção desejada.
"Uma luz muito forte irá simplesmente matar as células," diz Dogariu. "Nós apenas queríamos ajudar as células as fazer o seu trabalho como elas já sabem fazer."
Os pesquisadores documentaram o movimento celular em vídeo mostrando que, sob a ação do seu feixe polarizado de luz, elas passam de uma disposição aleatória para um alinhamento uniforme.