Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/05/2012
Agentes inteligentes
Os edifícios inteligentes já têm o seu lugar na agenda da arquitetura e da construção civil.
Mas, e as casas, quando elas também começarão a ficar inteligentes?
Não há mais o que esperar, garante a engenheira Diane Cook, da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos.
Em um levantamento realizado para a revista Science, Diane fez um inventário de todas as tecnologias já desenvolvidas e que podem ser utilizadas para dar um pouco mais de inteligência às casas.
Segundo ela, não falta muito para que nossas casas façam o papel de "agentes inteligentes", dotados de sensores e programas de computador para antecipar nossas necessidades e fazer automaticamente tarefas que podem melhorar nossa saúde, facilitar nossa interação social e, sobretudo, ajudar a economizar.
Casa que pensa
Muitas casas já possuem a maior parte do aparato mais complicado necessário para essas tecnologias: os sensores, que já vêm embutidos em fornos de microondas, aparelhos de TV e timers para ligar e desligar aparelhos eletrodomésticos.
O que falta é interligar tudo.
"Nós queremos que sua casa como um todo 'pense' sobre o que você quer, e use esses componentes para fazer a coisa certa no tempo adequado," disse ela.
Essa é exatamente a especialidade da engenheira, que vem aplicando inteligência artificial em sistemas de automação residencial.
Seu laboratório atual é um conjunto de 18 apartamentos na cidade de Seattle, onde ela está testando um sistema de monitoramento de idosos que dispensa a presença física do acompanhante.
Os sensores espalhados pela casa alertam o cuidador, pela internet ou pelo celular, caso o morador tenha deixado de lado qualquer tarefa programada.
Isso inclui hora de acordar e dormir, horário das refeições, dos medicamentos e até se o vovô está deixando o banho para o outro dia.
Com a tendência mundial de envelhecimento da população, o cuidado aos idosos é visto como um dos mercados mais promissores para novas tecnologias.
Skype em todo lugar
Outras tecnologias já em testes incluem o agendamento de equipamentos como máquinas de lavar roupa e louça, secadoras, a manutenção da temperatura da água nos reservatórios e o alerta caso algum aparelho seja ligado ou desligado.
No lado da interação, a ideia é usar tecnologias como o Bluetooth e o WiFi para permitir a comunicação remota, sem precisar usar as mãos, de qualquer lugar da casa.
Será a era do "Skype em qualquer lugar," diz Diane, o que, segundo ela, inclui câmeras espalhadas por todo lado.
Assim será mais fácil monitorar os idosos e as crianças.
Privacidade e segurança
Mas a pesquisadora também pondera sobre as questões de privacidade e segurança, como o risco de ter imagens, voz ou dados bisbilhotados por observadores indiscretos.
"As tecnologias das casas inteligentes, assim como muitas outras, estão enfrentando o desafio clássico de serem aceitas e adotadas," diz ela.
Em suas pesquisas, os dados mostram que a maior resistência vem dos moradores mais idosos. Eventualmente porque ninguém gosta que outros fiquem vigiando a hora que você toma banho - ou não toma.
"Em última instância", diz ela, "quando as pessoas tiverem uma compreensão melhor do que essas tecnologias fazem, e verem uma utilidade que contrabalance a sua intromissão, a adoção irá começar. Eu acredito que algumas tecnologias vão ganhar impulso tão logo começarem a ser usadas."