Daniela Fernandes - BBC - 06/05/2010
A Marinha francesa acredita ter localizado, em uma área limitada que teria entre três e cinco quilômetros quadrados, as caixas-pretas do voo 447 da Air France, informou nesta quinta-feira o ministério francês da Defesa.
Checagem
O Airbus da companhia Air France caiu sobre o Atlântico após decolar do Rio de Janeiro com destino a Paris em 31 de maio do ano passado (pelo horário brasileiro) com 228 pessoas a bordo.
Martine Delbono, porta-voz do BEA, órgão francês que investiga as causas do acidente, disse à BBC Brasil que o BEA foi informado sobre a possível localização das caixas-pretas na noite de quarta-feira pelo ministro dos Transportes, Dominique Bussereau, que havia recebido a notícia do ministério da Defesa.
"Neste momento, estamos verificando as informações. Só depois poderemos validá-las ou não. Equipes atualmente na área de buscas, no Atlântico, e também em Paris vão analisar os novos dados", disse a porta-voz na manhã desta quinta-feira.
Software aperfeiçoado
Os técnicos da Marinha reanalisaram gravações submarinas que haviam sido feitas durante a primeira fase de buscas das caixas-pretas do avião, em meados de junho do ano passado, cerca de três semanas após a catástrofe.
Essas gravações, realizadas pelos potentes sonares do submarino nuclear francês Émeraude (Esmeralda), em junho passado, puderam agora ser melhor exploradas com a ajuda de um programa de computador mais sofisticado, não disponível na época.
O novo software permitiu aos especialistas da Marinha, no início desta semana, identificar que os sons gravados no ano passado seriam os emitidos pelas balizas das caixas pretas do avião, afirmou o ministro da Defesa, Hervé Morin.
Robô submarino
As balizas não emitem mais, há vários meses, os sinais sonoros que permitem facilitar sua localização.
Mesmo assim, a Marinha francesa acredita ter delimitado com grande precisão a área onde estariam as caixas-pretas, numa zona de buscas de apenas três a cinco quilômetros quadrados.
Na terceira fase de buscas das caixas-pretas, iniciada em março deste ano, os especialistas vasculharam uma área de 2 mil quilômetros quadrados ao noroeste da última posição conhecida do avião.
Um robô equipado com câmeras de vídeo será enviado em breve para percorrer a nova área bem mais reduzida.
Prudência
Luc Chatel, porta-voz do governo francês, declarou, no entanto, nesta quinta-feira a uma rádio francesa, que é preciso ter extrema "prudência" em relação às informações.
"Por enquanto, trata-se de uma zona de localização. Depois, é preciso saber se será possível recuperar as caixas-pretas e em que profundidade elas estariam. Seria uma excelente notícia para todos, principalmente para as famílias das vítimas, para saber o que realmente aconteceu nesse voo Rio-Paris, mas prefiro me manter muito prudente no momento", afirmou Chatel.
As caixas-pretas do avião são fundamentais, diz o BEA, para descobrir as causas do acidente.
Até o momento, os investigadores do BEA afirmaram que houve falhas nos sensores de velocidade do avião, mas que isso "seria um elemento, não a causa do acidente".