Redação do Site Inovação Tecnológica - 30/04/2013
Celulares que mudam de forma
A eletrônica orgânica, com seus materiais flexíveis e transparentes, trouxe a promessa de aparelhos capazes de mudar de forma conforme a necessidade ou a conveniência.
A maior expectativa é quanto às telas de enrolar, embora as baterias flexíveis tenham saído na frente.
Anne Roudaut e seus colegas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, planejam mais do que simplesmente enrolar os aparelhos: eles querem dispositivos que mudem realmente de formato.
Para isso, deixaram de lado o conceito de papel eletrônico e foram buscar inspiração em dois materiais muito usados em robótica e na fabricação de músculos artificiais.
Esses materiais são as ligas metálicas com memória de forma - usadas em inovações tão diferentes quanto tampas de combustível de automóveis, sapatos femininos ergonômicos e aviões futurísticos - e os polímeros eletroativos - já usados em selins com suspensão ativa, músculos artificiais fortes como músculos humanos e também em um "avião-Transformer".
Esses materiais, conhecidos como metamórficos ou morfológicos, alteram seu formato em resposta a um impulso externo, geralmente elétrico, mas que também pode ser o calor ou a luz.
Metamorfismo sob demanda
Roudaut construiu seis protótipos para testar a viabilidade de usar esses materiais para mudar o formato de aparelhos portáteis, sobretudo telefones celulares.
Ela batizou sua criação de Morphees.
Embora esses protótipos estejam longe da funcionalidade pretendida, os pesquisadores acreditam que o conceito poderá permitir baixar aplicativos que mudem o formato do aparelho conforme a necessidade.
Por exemplo, citam eles, um aplicativo que poderia transformar o celular em uma bolinha anti-stress para que o usuário fique manipulando, ou transformá-lo em um console de jogos tão logo um jogo seja baixado.
"O aparelho também poderá se dobrar quando uma senha estiver sendo digitada para que as pessoas que estejam passando não possam ver as informações privativas," acrescentou Roudaut.
Sem vocação
Nesse último caso, os músculos artificiais usados parecem ser adequados, já que eles são bons em movimentos discretos. Mas uma mudança suave de formato exigirá novas abordagens.
Os metais com memória de forma e os polímeros eletroativos são ótimos para movimentos discretos, mas não parecem ter vocação para deformações suaves, mesmo em uma chapa plana, pior ainda em um objeto 3D.
Além disso, esses músculos artificiais exigem uma quantidade razoável de energia para serem acionados, o que os tornaria candidatos ruins para aparelhos portáteis que dependem de baterias para funcionar.
Ou seja, embora o trabalho descreva propostas interessantes para a construção de aparelhos metamórficos, os pesquisadores precisarão escolher tecnologias mais flexíveis e versáteis para demonstrar sua viabilidade prática.