Redação do Site Inovação Tecnológica - 29/10/2004
No filme "Minority Report", o ator Tom Cruise desempenha o papel de um detetive que resolve crimes que ainda não aconteceram, trabalhando imerso numa caverna digital, onde ele consegue acessar rapidamente toda e qualquer informação relevante sobre o "futuro criminoso".
Uma equipe de cientistas da Universidade Purdue, Estados Unidos, está desenvolvendo um ambiente parecido, mas voltado para a pesquisa científica, mais especificamente para a área de química e de materiais. Utilizando inteligência artificial e recursos de informática de última geração, eles estão criando uma base de dados que interage com os pesquisadores na linguagem específica de suas disciplinas.
"Se você é um químico, você poderá caminhar diretamente rumo à tela e mover moléculas e átomos para ver como as alterações afetarão a formulação ou as propriedades do material," explica James Caruthers, um dos participantes do projeto.
Caruthers chama o enfoque adotado por sua nova caverna digital de "descoberta do conhecimento". Ele contrasta o método com a forma tradicional de recuperação de informações em bancos de dados, onde se presume que, lá no fundo, cercado por um mar de informações irrelevantes, há um dado que é uma verdadeira pepita de ouro a ser descoberta.
"Ao invés de garimpar atrás de uma pepita de ouro, a descoberta do conhecimento é mais parecida com bisbilhotar uma oficina cheia de pequenas engrenagens, eixos etc., nenhum dos quais particularmente valioso por si mesmo. Após uma montagem adequada, entretanto, um relógio Rolex emerge das peças desconexas."
Para que emerja um Rolex autêntico, os cientistas estão desenvolvendo a "informática da descoberta", uma nova forma de se extrair conhecimento dos dados que elimina a necessidade do "informatiquês". Na verdade, substitui o jargão da informática pelo jargão de cada disciplina, com a qual todos os pesquisadores estão familiarizados.
O método permitirá que os pesquisadores testem suas teorias em tempo real e literalmente vejam como os seus conceitos funcionam, por meio de uma tela tridimensional.
Pelo menos seis Universidades e Centros de Pesquisas se uniram para levar adiante o projeto. A Informática da Descoberta depende de um ciclo repetitivo de duas partes, um modelo de previsão e um processo de inversão, além de dois tipos de software de inteligência artificial: redes neurais híbridas e algoritmos genéticos.
O modelo de previsão combina conhecimentos fundamentais e pressupostos básicos com redes neurais - programas que imitam o funcionamento do cérebro humano - para dizer aos pesquisadores como um material em particular irá se comportar.
O processo inverso é exatamente o oposto: os cientistas entram com as propriedades que estão procurando e o sistema dá a eles uma estrutura molecular ou uma formulação que resultará nessas propriedades.