Thiago Romero - Agência FAPESP - 31/10/2007
Está concluído o primeiro protótipo de um simulador de robô submarino utilizado para a exploração de petróleo em águas profundas. Desenvolvido pela Multicorpos, empresa incubada na Fundação Parque de Alta Tecnologia São Carlos (ParqTec), no interior paulista, o modelo comercial deverá estar pronto em 2010, depois de passar por todas as fases de validação tecnológica.
Veículos operados remotamente
O simulador será utilizado para capacitar operadores de veículos operados remotamente - ROVs, de Remotely Operated Vehicle, na sigla em inglês - em operações de manutenção e na instalação de plataformas de extração do óleo.
Os ROVs são submergíveis não-tripulados que, presos ao navio na superfície, recebem comandos de movimentação para que o operador colha informações e sinais dos sensores e câmeras instaladas no equipamento. Nos campos de extração no Brasil, os ROVs ficam em profundidades que variam entre mil e 2 mil metros.
Simulador de submarino
Ao ser instalado em computador, o simulador fornece imagens das câmeras do ROV para que o operador manipule virtualmente o equipamento por meio de joysticks. De acordo com Marcelo Prado, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Multicorpos, como o sucesso da missão depende diretamente da experiência do operador, o simulador permitirá o treinamento dos trabalhadores em situações próximas às reais.
"Os ROVs têm custo operacional de cerca de US$ 150 mil por dia, o que inviabilizaria sua utilização para treinamento. A Petrobras tem dezenas deles em operação no Brasil e chega a gastar mais de US$ 60 milhões por mês na manutenção e em aluguéis do equipamento", disse o engenheiro mecânico à Agência FAPESP.
Missões mais rápidas
Com as simulações, o objetivo é reduzir o custo e baratear a exploração de petróleo em águas profundas, sendo que as missões poderão ser realizadas mais rapidamente, em até metade do tempo. "Cálculos preliminares indicam ser possível economizar até 60% nas missões de maior grau de complexidade", disse Prado.
"Além disso, serão bem menores os riscos de acidentes que podem levar a desastres ambientais em decorrência de vazamento de petróleo. As simulações também permitirão que os ROVs não sejam danificados. Modelos mais sofisticados desse equipamento chegam a custar até US$ 3 milhões", afirmou Prado.
Braços mecânicos
A parceria com a Petrobras levou o foco do projeto a ser expandido para outros tipos de aplicação. Além do treinamento e capacitação de operadores, o software também deverá ser utilizado no desenvolvimento de novas ferramentas que serão acopladas nas pontas dos braços mecânicos do ROV. "Esse é um novo nicho de mercado que ainda estamos estudando com a Petrobras", disse o pesquisador.
Dependendo das tarefas e da missões do robô, a Petrobras precisa desenvolver ou importar ferramentas novas, utilizadas para manipular componentes das instalações submarinas em procedimentos que vão desde a conexão de tubulações de transmissão de petróleo até a regulação de válvulas e fixação de estruturas complexas.
Simulações dinâmicas
Segundo Prado, existem simuladores semelhantes disponíveis no mercado, mas o maior diferencial do modelo da Multicorpos é a utilização de um software comercial para a análise de sistemas dinâmicos, o Adams.
"Por ter uma arquitetura de código aberto, esse software, que domina o mercado mundial de simulações dinâmicas, permite que o usuário construa qualquer modelo de sistema mecânico em diferentes tipos de interfaces gráficas", explicou.
Modelos virtuais
Os softwares embutidos nos simuladores estrangeiros, conta o pesquisador, têm estruturas fechadas que não permitem a construção de novos modelos virtuais de ROVs ou de braços mecânicos. "O usuário fica totalmente amarrado à concepção da empresa que desenvolveu o simulador e ao ROV que ela comercializa", disse Prado. O preço de venda para o simulador da ainda não foi definido.
As pesquisas, apoiadas pela FAPESP no âmbito do programa Pesquisa Inovativa na Pequena e Micro Empresa (Pipe), são desenvolvidas em parceria com o Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).