Redação do Site Inovação Tecnológica - 04/07/2006
O papel celofane já teve sua época de glória, muito conhecido do público em geral como papel para embrulhar presentes ou artigos culinários. Agora, pesquisadores norte-americanos e coreanos, trabalhando conjuntamente, descobriram que o quase esquecido celofane é um material inteligente, com aplicações de última geração.
Micro-aviões que batem as asasMicrorobôs, sensores biodegradáveis e micro-aviões de papel capazes de voar "batendo as asas" - estas são as aplicações do celofane, destacadas pelos pesquisadores em um artigo publicado no jornal Macromolecules.
Que a celulose tem um efeito piezoelétrico - ela se curva ligeiramente sob a ação de um campo elétrico - isso já é sabido há muito tempo. Mas, ao contrário dos cristais piezoelétricos, que "dão um tranco", o efeito sutil notado na celulose até hoje não havia atraído muito a atenção dos cientistas.
Papel inteligenteAgora a equipe liderada pelo professor Jaehwan Kim fez um experimento que lançou o celofane definitivamente na área dos materiais inteligentes; e com aplicações práticas muito promissoras.
Em sua experiência, eles construíram dois eletrodos, um de cada lado da borda de uma folha de celofane, na forma de duas finíssimas e estreitas camadas de ouro. Aplicando uma corrente nesses dois eletrodos, eles descobriram que o papel celofane se curva em direção ao pólo positivo.
Borboleta artificialPara construir um avião, basta alternar rapidamente a voltagem - aplicando uma corrente alternada, ao invés de uma corrente contínua. Assim, o papel vibra na freqüência da corrente que o percorre, funcionando como o bater de asas. E está pronto o avião de papel mais "high-tech" do mundo. Ou, talvez, a primeira borboleta artificial já construída.
Seja como for, o aparato voador não precisará ter fios: a celulose é sensível o suficiente para ser sensibilizada por microondas, que podem ser dirigidas por uma antena até o avião-borboleta.
Mas os cientistas destacam que as maiores possibilidades de utilização estão em microescala: microrobôs e MEMS poderão ganhar mobilidade sem a necessidade de complicados motores - que, além do mais, consomem muita energia. Microrobôs "movidos a celofane" poderão ser acionados à distância, recebendo sua energia de uma antena de microondas.
Isso deverá simplificar muito o projeto e permitir a miniaturização desses sistemas microeletromecânicos. Que, além de tecnologicamente avançados, serão também ambientalmente corretos, já que a celulose é biodegradável.