Júlio Bernardes - Agenusp - 09/06/2006
Um programa criado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos (SP), permite que robôs móveis sobre rodas sejam programados para colaborarem na realização de tarefas conjuntas. O sistema, testado em simulações de jogos de futebol entre robôs, poderá ser aplicado em outras funções que exijam cooperação, como entrega de cartas e serviços de limpeza.
O professor de computação Gedson Faria, que criou o sistema, explica que o programa é baseado numa técnica conhecida como campos potenciais harmônicos. "Esta fórmula faz os robôs procurarem o melhor caminho para cumprir a tarefa para a qual foram programados", relata. "Porém, quando o mesmo algoritmo era aplicado em vários robôs, eles competiam entre si para cumprir a mesma tarefa, gerando uma superposição."
Faria desenvolveu uma fórmula que considera a presença de vários robôs e os leva a realizarem etapas distintas de um mesmo processo. Ele cita como exemplo uma partida de futebol eletrônico. "Antes, todos os robôs se moviam para chutar a bola ao mesmo tempo", conta. "Com o novo sistema, enquanto um robô corre para o chute, os outros se posicionam para executar a jogada seguinte."
Controle
Uma das formas de realizar o controle de múltiplos robôs é por intermédio de um computador central equipado com o programa. "Uma câmera focaliza o local onde estão as máquinas, como um campo de futebol ou uma sala", aponta Faria. "No computador, é possível visualizar toda a área e coordenar a atuação de cada robô, enviando instruções por meio de radiofreqüência."
O pesquisador ressalta que o método pode ser aplicado em qualquer tarefa que venha a envolver mais de um robô, como cortar grama ou limpeza com aspiradores de pó. "O sistema gerencia todo o trabalho e evita que dois robôs repitam o serviço nas mesmas áreas", afirma. "O programa foi criado em linguagem Java, por isso funciona com qualquer sistema operacional de computação."
O desenvolvimento do sistema fez parte de um projeto de criação de robôs móveis, coordenado pela professora do ICMC, Roseli Aparecida Francelin Romero. "Um protótipo do programa, produzido no início da pesquisa, é utilizado pela equipe do ICMC em competições de futebol de robôs", conclui Gedson Faria.